O
cantor e compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre
no ano de 1914 e faleceu em 1974. “Lupe,” como era carinhosamente
chamado pelos amigos, legou-nos dezenas de sambas e músicas românticas
banhadas de melancolia, descrevendo amores perdidos, traições e
saudades. Afirmam os historiadores, que além de utilizar passagens de
suas próprias aventuras e desventuras amorosas, que não foram poucas,
foi o verdadeiro inventor do termo ultra conhecido por todos nós e
batizado de “dor de cotovelo”. Lupicínio nunca morou longe de sua cidade
natal adorada, viajou até o Rio de Janeiro e retornou convicto que aqui
era o seu paraíso. Teve várias profissões, trabalhou como bedel da
Faculdade de Direito da UFRGS, também foi dono de bares, churrascarias e
restaurantes, mas nunca ganhou dinheiro com nenhum desses negócios, por
que seus clientes eram seus melhores amigos e você sabe... “beber em
companhia de amigos nunca deu lucro, no sentido capitalista de se ganhar
a vida...”
Lupicínio foi um boêmio assumido e um fiel torcedor do Grêmio. Seu
retrato está lá, na Galeria dos Gremistas Imortais pra quem quiser ver e
descobrir caso ainda não saiba, que o cara compôs o hino tricolor lá
pelos idos de 1953. Inacreditavelmente além de todas as canções que já
conhecemos, existem muitas músicas ainda perdidas ou até inéditas. (Há
controvérsias, porque algumas letras, feitas e dada de presente aos
amigos, são tratadas como poesia em estado bruto. Todas com certeza,
diamantes!)
A galeria de intérpretes de suas obras é tão vasta, que não vamos citar
ninguém, com medo de cometer injustiças. Algumas versões ficaram
fantásticas, outras nem tanto, mas nada que se perca o brilho original.
Lupicínio Rodrigues foi e continuará sendo sempre a “Nossa verdadeira
Felicidade,” por ter existido na terra e nos brindado com sua
criatividade sem igual. Muitos já tentaram imitá-lo, outros lhe
prestaram homenagens comoventes, mas até hoje, vale lembrar, não se
encontrou um cantor, que mereça o título de sucessor legítimo desse
gaúcho genial.
Eu sei o que você está pensando agora. “Felicidade”
talvez seja a música mais conhecida de Lupicínio Rodrigues,
interpretada por dezenas (ou centenas) de outros artistas famosos. A
letra encantadoramente triste. No entanto “Loucura,” essa canção que você vai ler a seguir é poesia pura. Declaração de amor possessivo, intenso. Então leia com todo carinho essa letra em especial, caso ainda não a conheça...
“E aí/Eu comecei a cometer loucura/Era um verdadeiro inferno
Uma tortura/O que eu sofria/Por aquele amor
Milhões de diabinhos martelando/O meu pobre coração que agonizando
Já não podia mais de tanta dor/E aí/Eu comecei a cantar verso triste
O mesmo verso que até hoje existe/Na boca triste de algum sofredor
Como é que existe alguém/Que ainda tem coragem de dizer
Que os meus versos não contêm mensagem
São palavras frias, sem nenhum valor
Oh! Deus, será que o senhor não está vendo isso
Então, porque é que o senhor mandou Cristo
Aqui na terra para semear amor/E quando se tem alguém
Que ama de verdade/Serve de riso pra humanidade
É um covarde, um fraco, um sonhador/Se é que hoje tudo está tão diferente
Porque não deixa eu mostrar a essa gente
Que ainda existe o verdadeiro amor/Faça ela voltar de novo pro meu lado
Eu me sujeito a ser sacrificado/Salve seu mundo com minha dor”.
Uma tortura/O que eu sofria/Por aquele amor
Milhões de diabinhos martelando/O meu pobre coração que agonizando
Já não podia mais de tanta dor/E aí/Eu comecei a cantar verso triste
O mesmo verso que até hoje existe/Na boca triste de algum sofredor
Como é que existe alguém/Que ainda tem coragem de dizer
Que os meus versos não contêm mensagem
São palavras frias, sem nenhum valor
Oh! Deus, será que o senhor não está vendo isso
Então, porque é que o senhor mandou Cristo
Aqui na terra para semear amor/E quando se tem alguém
Que ama de verdade/Serve de riso pra humanidade
É um covarde, um fraco, um sonhador/Se é que hoje tudo está tão diferente
Porque não deixa eu mostrar a essa gente
Que ainda existe o verdadeiro amor/Faça ela voltar de novo pro meu lado
Eu me sujeito a ser sacrificado/Salve seu mundo com minha dor”.
Régis Mubarak