Nelson Rolihlahla
Mandela hoje é um rei, mas sua trajetória fascinante, cheia de percalços e
atribulações foi forjada em cima de lutas, tristezas, perseguições e muitos
problemas. De etnia Xhosa, nasceu em Qunu, pequeno vilarejo da região do
Transkei, África do Sul em 18 de julho de 1918 e faleceu em 05 de dezembro de
2013. Foi o primeiro presidente negro (e a primeira vez, em que os negros
puderam votar dentro de seu próprio território), no período entre 1994 e 1999, (comandando
o difícil movimento de reconciliação), mas também foi advogado, líder rebelde,
ativista e guerrilheiro, (aliás para uns; para outros um terrorista) e uma das
figuras mais carismáticas que nós e as futuras gerações encontraremos
referências, quando estudarmos o movimento antiapartheid e a seguir, sobre
grandes lideres que a humanidade já teve em seu curso.
Aos 7 anos foi mandado para a
escola, onde recebeu o nome Nelson “ocidentalizado” para melhor identificá-lo.
Bom aluno, interessou-se também por corridas e boxe. Ainda bastante jovem
envolver-se-ia nos movimentos oposicionistas ao infame regime do Apartheid, que
todos nós sabemos, negava aos negros (e a grande maioria da população) direitos
sociais, econômicos e políticos. Expulso da primeira universidade que cursou,
teve que terminar seus estudos em outras e em parte, por correspondência.
Participando do Congresso Nacional Africano, que conhecemos pela sigla CNA,
começou a destacar-se junto a outros líderes em ascensão e no ano de 1942,
fundou com amigos a Liga Jovem do CNA. Após a eleição de 1948 dar vitória aos
Afrikaners (Partido Nacional), os problemas aumentariam não somente para
negros, mas para mestiços indianos e indianos, (boa parte dos imigrantes
locais), em 1955 divulgaria “A Carta da Liberdade,” documento importantíssimo
contra esta segregação. A princípio, Mandela havia manifestado a intenção de
não partir para a luta armada, mas após o massacre de Shaperville, ocorrido em
21 de março de 1960, tudo mudou. Nesse confronto, a polícia acabaria por matar
mais de 60 pessoas e ferir outras 200, todos manifestantes em busca de seus
direitos
Nos anos 60 já era comandante do
braço armado do CNA e coordenaria campanhas de sabotagem a alvos militares e ao
governo em. Segundo pesquisadores, já se encaminhando para algo do tipo
paramilitar, ou seja, como conhecemos os grupos de guerrilha armada na América
Latina. Entretanto no ano de 1962, ele seria detido por motivos tipo incitar
greves e viajar sem permissão para o exterior. Seriam apenas 5 anos atrás das
grades, mas uma sentença no ano de 1964 o colocaria em prisão perpétua, em
substituição a pena de enforcamento, que era o desejo de seus inimigos. Permaneceria então por longos 27 anos na
prisão, mas ao contrário do que imaginavam seus detratores, o efeito surgido
foi o clamor ao redor do planeta para que o libertassem, tornando-o ainda mais
famoso e conhecido em todos os países, inclusive nos que não tinham voltado os
olhos para os problemas enfrentados na África do Sul.
A saída da prisão somente
ocorreria em fevereiro de 1990, quando também o partido CNA deixaria de ser
considerado ilegal. Na época o presidente do país, Frederik Willem de Klerk,
pressionado internacionalmente decidira pôr um fim aos anos de prisão do líder
ultra famoso. Por esse ato, Frederik dividira no ano de 1993 o Prêmio Nobel da
Paz junto com Nelson Mandela. Como presidente Mandela fez grandes avanços, mas
também cometeu alguns erros, entre estes não investir pesado em programas de combate
ao avanço da AIDS e promover a invasão do Lesoto, temendo um golpe de estado
naquele país. Ao deixar o cargo, voltaria seus esforços para múltiplas
organizações sociais e de direitos humanos. Recentemente instituída pela
Assembleia Geral da ONU, o dia 18 de julho, data de seu nascimento, é celebrado
como o dia Internacional de Nelson Mandela.
Régis Mubarak