terça-feira, 26 de agosto de 2014

Nelson Mandela - Um Rei

           Nelson Rolihlahla Mandela hoje é um rei, mas sua trajetória fascinante, cheia de percalços e atribulações foi forjada em cima de lutas, tristezas, perseguições e muitos problemas. De etnia Xhosa, nasceu em Qunu, pequeno vilarejo da região do Transkei, África do Sul em 18 de julho de 1918 e faleceu em 05 de dezembro de 2013. Foi o primeiro presidente negro (e a primeira vez, em que os negros puderam votar dentro de seu próprio território), no período entre 1994 e 1999, (comandando o difícil movimento de reconciliação), mas também foi advogado, líder rebelde, ativista e guerrilheiro, (aliás para uns; para outros um terrorista) e uma das figuras mais carismáticas que nós e as futuras gerações encontraremos referências, quando estudarmos o movimento antiapartheid e a seguir, sobre grandes lideres que a humanidade já teve em seu curso.
              Aos 7 anos foi mandado para a escola, onde recebeu o nome Nelson “ocidentalizado” para melhor identificá-lo. Bom aluno, interessou-se também por corridas e boxe. Ainda bastante jovem envolver-se-ia nos movimentos oposicionistas ao infame regime do Apartheid, que todos nós sabemos, negava aos negros (e a grande maioria da população) direitos sociais, econômicos e políticos. Expulso da primeira universidade que cursou, teve que terminar seus estudos em outras e em parte, por correspondência. Participando do Congresso Nacional Africano, que conhecemos pela sigla CNA, começou a destacar-se junto a outros líderes em ascensão e no ano de 1942, fundou com amigos a Liga Jovem do CNA. Após a eleição de 1948 dar vitória aos Afrikaners (Partido Nacional), os problemas aumentariam não somente para negros, mas para mestiços indianos e indianos, (boa parte dos imigrantes locais), em 1955 divulgaria “A Carta da Liberdade,” documento importantíssimo contra esta segregação. A princípio, Mandela havia manifestado a intenção de não partir para a luta armada, mas após o massacre de Shaperville, ocorrido em 21 de março de 1960, tudo mudou. Nesse confronto, a polícia acabaria por matar mais de 60 pessoas e ferir outras 200, todos manifestantes em busca de seus direitos
          Nos anos 60 já era comandante do braço armado do CNA e coordenaria campanhas de sabotagem a alvos militares e ao governo em. Segundo pesquisadores, já se encaminhando para algo do tipo paramilitar, ou seja, como conhecemos os grupos de guerrilha armada na América Latina. Entretanto no ano de 1962, ele seria detido por motivos tipo incitar greves e viajar sem permissão para o exterior. Seriam apenas 5 anos atrás das grades, mas uma sentença no ano de 1964 o colocaria em prisão perpétua, em substituição a pena de enforcamento, que era o desejo de seus inimigos.  Permaneceria então por longos 27 anos na prisão, mas ao contrário do que imaginavam seus detratores, o efeito surgido foi o clamor ao redor do planeta para que o libertassem, tornando-o ainda mais famoso e conhecido em todos os países, inclusive nos que não tinham voltado os olhos para os problemas enfrentados na África do Sul.
              A saída da prisão somente ocorreria em fevereiro de 1990, quando também o partido CNA deixaria de ser considerado ilegal. Na época o presidente do país, Frederik Willem de Klerk, pressionado internacionalmente decidira pôr um fim aos anos de prisão do líder ultra famoso. Por esse ato, Frederik dividira no ano de 1993 o Prêmio Nobel da Paz junto com Nelson Mandela. Como presidente Mandela fez grandes avanços, mas também cometeu alguns erros, entre estes não investir pesado em programas de combate ao avanço da AIDS e promover a invasão do Lesoto, temendo um golpe de estado naquele país. Ao deixar o cargo, voltaria seus esforços para múltiplas organizações sociais e de direitos humanos. Recentemente instituída pela Assembleia Geral da ONU, o dia 18 de julho, data de seu nascimento, é celebrado como o dia Internacional de Nelson Mandela.

Régis Mubarak