Seu nome completo era Iberê
Bassani de Camargo, nascido em Restinga Seca. O município, emancipado de
Cachoeira do Sul é uma cidade pequena e acolhedora como tantas outras,
espalhadas pelo nosso mapa rio-grandense, localizada na região central do
estado e conta com pouco mais de 17.000 habitantes. Iberê nasceu no ano de 1914
e veio a falecer aos 79 anos de idade, em Porto Alegre, em 1994, deixando um
acerto de mais de 7.000 obras. Pintor e gravurista dá início aos seus estudos
na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, depois se instala na capital do
Estado, para a seguir, partir rumo ao Rio de Janeiro, onde cursaria a Escola
Nacional de Belas Artes. Contudo, inquieto, fundaria junto com outros alunos o
Grupo Guignard de estudos. Também foi
professor, ensinando sua arte não somente no Brasil, mas em escolas no
exterior.
No ano de 1953 como professor
concursado, fundaria o curso de gravura em metal no anteriormente denominado
Instituto Municipal de Belas Artes, atualmente reconhecida Escola de Artes
Visuais, no Rio de Janeiro. Viajou pelo mapa mundi e realizou grandiosas
exposições de seus trabalhos. Somente para listar alguns lugares por onde
esteve: Buenos Aires, na Argentina. Montevidéu, no Uruguai, Johanesburgo na
África do Sul. Também expôs no Chile, no Equador, na Espanha, nos Estados
Unidos, no México, na Alemanha e no Japão, entre outras dezenas de cidades e
países não menos importantes que deixarei de citar.
Mas parafraseando um ditado
antigo que diz: “nem tudo são flores em nossas vidas.” O pintor que não gostava
de animais domésticos, apesar de adotar um gato que batizou de Martim. Também
não levava muito jeito com crianças. Casou-se com Maria Coussirat e com ela
permaneceu por toda sua existência, apesar de que na década de 30, tivera uma
filha, que nascera de um romance meio que fugaz com outra mulher. Entretanto
seria no ano de 1980, que acabaria por envolver-se involuntariamente num
incidente que o deixaria preso por cerca de um mês, ao matar um homem que
agredia sua própria esposa, numa esquina do bairro Botafogo, na cidade do Rio
de Janeiro. Esse acontecimento o perturbaria por um longo tempo e causa-lhe-ria
muitos dissabores.
A Fundação Iberê Camargo criada
no ano de 1995, no bairro Nonoai, em Porto Alegre, onde o artista viveu grande
parte de sua vida, transferiu-se para o bairro Cristal, as margens do Guaíba,
no ano de 2008, no prédio projetado pelo arquiteto Álvaro Siza, (Álvaro Joaquim
de Melo Siza Vieira, nascido no ano de 1933, um conceituado e premiadíssimo
arquiteto de origem portuguesa), e está aberta a visitação pública e a
pesquisas em parte do seu acervo.
Iberê Camargo destacou-se não
somente nas pinturas, mas também em desenhos, gauches e gravuras, tendo
recebido reconhecimento internacional dos críticos, mídia e público durante sua
existência, o que é o ápice para qualquer artista, independente de sua corrente
ou do movimento, que representa no mundo das artes. Aliás, disse ele certa
ocasião: “Arte, para mim foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vida, com a
ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão.”
Para saber mais sobre Iberê
Camargo, você também pode dar uma olhadinha no site: www.iberecamargo.org.br e descobrir
outras informações, como por exemplo sobre bolsas e programas educativos.
Aliás, fica aqui o convite, porque o texto que redigi agorinha mesmo... é
digamos assim, basicamente um carinhoso resumo sobre esse artista
talentosíssimo e que valoriza o que temos de melhor em nossa cultura.
Régis Mubarak