O mapa do Brasil dividido
norte/sul ou vermelho/azul, como queiram atribuir “alguns entendidos” em
proporções relativas/gigantescas não me assusta. Longos dias e centenas de artigos
serão passados a limpo e escritos com arrebatadora paixão, semelhante aos embates
travados entre gremistas e colorados, nas pelejas disputadíssimas do nosso campeonato
gaúcho. Mas trata-se de uma competição, um jogo, ninguém vai matar ninguém, a
não ser de cansaço até o resultado final da partida.
Engana-se quem pensa (ou torce)
para que o Brasil se divida milimetricamente ao meio. Simbolicamente.
Coincidentemente. Estrategicamente. Estatisticamente. Há de levar em conta
fatores (e não são poucos), projetos (milhares) e anseios (milhões) que foram
idealizados e não concretizados. Há de levar em conta trilhões de coisas,
sim... incluindo a recuperação da nossa autoestima atropelada pela fantástica
seleção Alemã naquele (in)esquecível jogo de Copa. Enfim... mas hoje não vou
encher sua cabeça, me passando por aprendiz de sociólogo(a), psicólogo(a),
filósofo(a) ou intelectual de grande/médio/pequeno quilate e desenvolver
qualquer tipo de tese estratosférica.
O que quero partilhar aqui nesse
texto foi o que realmente me assustou: o pandemônio que virou as redes sociais
de cabeça pra baixo. Lama, xingamentos, ataques, as estocadas e “as facadas
virtuais” e todo sangue derramado numa ferocidade (e traços de bestialidade)
sem precedentes. Não era tão somente o curtir ou deixar de curtir, tão em moda
fashionista/hedonista. Não era só repassar memes, chistes, virais, as montagens
engraçadas, nesse quesito sim, compartilhar valia a pena.
Confesso ainda não entender (e em
algumas situações menos ainda aceitar) o que se passa/passou na cabeça de
milhares de compatriotas, num momento tão sólido de liberdade e democracia, em
que poderíamos/podemos opinar sobre tudo e todos ao estalar de um mero click.
Tenho meus gostos, preferências, assim como você os tem também e civilizadamente
faz-se necessário saber ouvir e calar na hora (e medida) certa, ainda que as
paixões partidárias nos induzam ao limite do destempero.
Houve dias e situações
específicas, que assisti a uma carnificina. Amigos e adicionados do Face me
surpreenderam (negativamente) a tal ponto, que me imaginei num daqueles
seriados de Zumbis, fugindo desesperada evitando ser devorada sem sal nem
temperinho! E isso que, antes que você pergunte, não, não externei “pitaco”
algum sobre candidato “x” ou “y” nas afamadas redes sociais. Escrevi artigos,
colaborei com amigos jornalistas na produção de matérias, como tenho feito já
há algum tempo, mas não induzi nem reparti minhas mágoas e desapontamentos, etc
e tal...
Fiquei perplexa (volto a me
repetir nesse parágrafo), “passada” com o baixo nível das explanações, dos
diálogos, rusgas, desabafos (ou desaforos) virtuais das pessoas que julgava até
então equilibradas, sensatas e inteligentes. Me deparei com ataques racistas,
xenófobos, homofóbicos, irracionais, argumentos estúpidos, bate bocas que
levavam pro fundo do poço, a mãe, a avó e até a bisa... “tadinha” que já
morreu.
Desculpem se estou parecendo
exagerada, sentimental ou frágil. (Lembrei-me do vilão Coringa (...) basta um
dia ruim e bonzinhos e mauzinhos trocam de lugar!) Pois eis que o Caos por
pouco não se instalou em definitivo. Dói ter que admitir que o que saiu pra
fora da galera (que se julgava altamente politizada), foram golfadas de vômitos
e excrementos, disfarçados de pontos de vistas radicais e dispensáveis, numa
tentativa débil de se fazer prevalecer uma opinião sobre a outra. Então por
favor, agora que a eleição acabou e se você “por acaso” fez parte dessa turma
ensandecida ponha a mão na consciência, faça penitência, arrependa-se o ainda
hoje e ajude a construir um País melhor de norte a sul, vermelho e azul. Porque
em meio ao “Caos” e a confusão generalizada seremos todos nós, eu disse todos...
perdedores na mesmíssima proporção!
Régis Mubarak