quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O que me assusta



              O mapa do Brasil dividido norte/sul ou vermelho/azul, como queiram atribuir “alguns entendidos” em proporções relativas/gigantescas não me assusta. Longos dias e centenas de artigos serão passados a limpo e escritos com arrebatadora paixão, semelhante aos embates travados entre gremistas e colorados, nas pelejas disputadíssimas do nosso campeonato gaúcho. Mas trata-se de uma competição, um jogo, ninguém vai matar ninguém, a não ser de cansaço até o resultado final da partida.

              Engana-se quem pensa (ou torce) para que o Brasil se divida milimetricamente ao meio. Simbolicamente. Coincidentemente. Estrategicamente. Estatisticamente. Há de levar em conta fatores (e não são poucos), projetos (milhares) e anseios (milhões) que foram idealizados e não concretizados. Há de levar em conta trilhões de coisas, sim... incluindo a recuperação da nossa autoestima atropelada pela fantástica seleção Alemã naquele (in)esquecível jogo de Copa. Enfim... mas hoje não vou encher sua cabeça, me passando por aprendiz de sociólogo(a), psicólogo(a), filósofo(a) ou intelectual de grande/médio/pequeno quilate e desenvolver qualquer tipo de tese estratosférica.

              O que quero partilhar aqui nesse texto foi o que realmente me assustou: o pandemônio que virou as redes sociais de cabeça pra baixo. Lama, xingamentos, ataques, as estocadas e “as facadas virtuais” e todo sangue derramado numa ferocidade (e traços de bestialidade) sem precedentes. Não era tão somente o curtir ou deixar de curtir, tão em moda fashionista/hedonista. Não era só repassar memes, chistes, virais, as montagens engraçadas, nesse quesito sim, compartilhar valia a pena.

              Confesso ainda não entender (e em algumas situações menos ainda aceitar) o que se passa/passou na cabeça de milhares de compatriotas, num momento tão sólido de liberdade e democracia, em que poderíamos/podemos opinar sobre tudo e todos ao estalar de um mero click. Tenho meus gostos, preferências, assim como você os tem também e civilizadamente faz-se necessário saber ouvir e calar na hora (e medida) certa, ainda que as paixões partidárias nos induzam ao limite do destempero.

              Houve dias e situações específicas, que assisti a uma carnificina. Amigos e adicionados do Face me surpreenderam (negativamente) a tal ponto, que me imaginei num daqueles seriados de Zumbis, fugindo desesperada evitando ser devorada sem sal nem temperinho! E isso que, antes que você pergunte, não, não externei “pitaco” algum sobre candidato “x” ou “y” nas afamadas redes sociais. Escrevi artigos, colaborei com amigos jornalistas na produção de matérias, como tenho feito já há algum tempo, mas não induzi nem reparti minhas mágoas e desapontamentos, etc e tal...

              Fiquei perplexa (volto a me repetir nesse parágrafo), “passada” com o baixo nível das explanações, dos diálogos, rusgas, desabafos (ou desaforos) virtuais das pessoas que julgava até então equilibradas, sensatas e inteligentes. Me deparei com ataques racistas, xenófobos, homofóbicos, irracionais, argumentos estúpidos, bate bocas que levavam pro fundo do poço, a mãe, a avó e até a bisa... “tadinha” que já morreu.

              Desculpem se estou parecendo exagerada, sentimental ou frágil. (Lembrei-me do vilão Coringa (...) basta um dia ruim e bonzinhos e mauzinhos trocam de lugar!) Pois eis que o Caos por pouco não se instalou em definitivo. Dói ter que admitir que o que saiu pra fora da galera (que se julgava altamente politizada), foram golfadas de vômitos e excrementos, disfarçados de pontos de vistas radicais e dispensáveis, numa tentativa débil de se fazer prevalecer uma opinião sobre a outra. Então por favor, agora que a eleição acabou e se você “por acaso” fez parte dessa turma ensandecida ponha a mão na consciência, faça penitência, arrependa-se o ainda hoje e ajude a construir um País melhor de norte a sul, vermelho e azul. Porque em meio ao “Caos” e a confusão generalizada seremos todos nós, eu disse todos... perdedores na mesmíssima proporção!


Régis Mubarak