É de Mark Twain (1835-1910),
escritor norte americano a seguinte frase: “Uma mentira pode dar a volta ao
mundo, enquanto a verdade ainda calça os seus sapatos.” Recorro a ela
justamente para atestarmos sua autenticidade, mas principalmente que seu
sentido profético em “tempos de teias www” felizmente se esvai... Vivemos dias
de escuridão, que são dissipados por guerreiros da verdade. Dias em que
mentiras até podem dar a volta ao mundo, mas as verdades estão ao encalço, 2 ou
3 passos atrás...
Recomendadíssimo, o brilhante livro
das jornalistas Valerie Guichaoua e Sophie Radermecker “Julian Assange – O
Guerreiro da Verdade” traz de forma não autorizada, mas em minúcias arrebatadoras,
a biografia do criador do WikiLeaks. Julian Paul Assange, australiano nascido
em 1971 em Townsville, jornalista, ciberativista, hacker, gênio etc e tal, que estudou
matemática e física antes de fundar o site WikiLeaks por volta de 2006. Homem
do ano pelo jornal francês Le Monde em 2010 e considerado pela Revista Times no
ano seguinte, um dos 100 mais influentes do planeta. O livro não deixa de fora
nem o pequeno deslize em sua trajetória ascendente de hacker a herói
internacional, quando sofre acusação na Suécia por abuso sexual, tendo a
Interpol “colocado alegremente” sua ficha na famosa lista de procurados. Mas o
tal abuso, não é bem o que parece, levando em consideração a possibilidade de uma
de suas supostas vítimas pertencer ao quadro da CIA que há tempos o queria atrás
das grades e de boca fechada, acusando-o entre outras coisas de espionagem. (Se
fosse extraditado a chance de pegar prisão perpétua tornar-se-ia somente um dos
seus inúmeros pesadelos. Porque refrescando a memória, Bradley Manning, soldado
americano, analista de inteligência do Exército, apontado como responsável pelo
vazamento de informações sigilosas, (que posteriormente assumiria sua
homossexualidade e passaria a chamar-se Chelsea Elisabeth Manning), continua
preso e praticamente incomunicável na base naval de Quântico-Virgínia.) Em 2012
Assange acaba pedindo socorro a Embaixada do Equador em Londres, onde obtém
asilo político. Em 2013 o filme “Quinto Poder” dirigido por Bill Condon, tendo
o ator Bennedict Cumberbatch, (o vilão Kahn de Star Trek – Além da Escuridão), tentou
transpor para as telas partes da sua vida, baseando-se no livro: “Inside
WikiLeaks: My Time With Julian Assange At The World’s Dangerous Website,” de
Daniel Domscheit-Berg, o que o deixou furioso, fazendo com que lançasse na
sequencia seu próprio documentário intitulado: “Mediastan.”
Referência no parágrafo anterior,
classificando-o de leitura recomendadíssima, a exemplo da obra magnífica do
jornalista escocês Andrew Jennings “Jogo Sujo – O Mundo Secreto da FIFA”, que
abordei no meu texto: “Certos Livros são de tirar o fôlego,” esse é outro raio
fulminante que nos deixa nocauteados e com dificuldade para respirar. São 37
capítulos: sua infância meio nômade, suas aventuras, as maluquices na
juventude, as incursões e acusações de “hacking” com a Polícia Federal
Australiana literalmente grudada na sua cola. As ideias, as teorias
conspiratórias, a incansável busca pela verdade e como nasceu o site WikiLeaks,
todas as pessoas que tornaram isso possível, os depoimentos de seus amigos e de
seus inimigos, sem rodeios. A publicação
na Internet de milhares de documentos: os prisioneiros de Guantánamo, as
encrencas dos Estados Unidos nas Guerras do Iraque e do Afeganistão, os ataques
covardes a inocentes civis, os telegramas ultrassecretos e toda uma gama de
informações que tiram o sono de qualquer pessoa, minimamente interessada em
tornar o Planeta Terra um mundo melhor para seus filhos e os filhos de seus
filhos crescerem! A verdade nua rasgando os céus em dias de profunda escuridão!
Régis Mubarak