quinta-feira, 31 de julho de 2014
sábado, 26 de julho de 2014
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Quando a gente desenhava o mundo
Quando a gente desenhava o mundo
nas aulas de geografia, pintando os mapas com canetinhas coloridas tudo parecia
ter outra dimensão. Dividíamos a América do Sul, cortando o Chile em pedaços. A Argentina
ganhava um naco a mais, compensando que errávamos o traçado do Paraguai e da
Bolívia invadindo seu território. O Suriname ficava perdido no meio das Guianas
e a Venezuela, (bem antes dos planos mirabolantes do falecido Hugo Chávez) às
vezes tomava até Trinidad e Tobago adentrando o mar e quase sempre, roubava-se
partes da Colômbia. Invertíamos a localização de Honduras com Nicarágua,
aumentávamos o território Canadense em cima dos Estados Unidos e esquecíamo-nos
de marcar a divisa com o Alasca.
Na Ásia, da Turquia a exótica
Índia, tudo parecia pertencer a outro planeta, com exceção da hoje Federação
Russa que ainda se chamava (e era ultra poderosa) União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. Misturávamos acidentalmente Filipinas com Indonésia. Enrolávamo-nos
completamente na Oceania, tirando Austrália e Nova Zelândia, tudo era
Polinésia. Contudo aumentávamos propositalmente o Japão, porque a terra dos
lendários samurais não poderia ser tão pequenininha. No continente Europeu os
laços de muitos de nossos ancestrais tornavam tudo mais fácil. Sempre tínhamos
em sala de aula descendentes de italianos, poloneses, espanhóis, suecos ou
alemães. Já da Antártida a folha em branco aludia ao gelo. Da mãe África não
raro a turma mostrava cisão momentânea. Alguns dos nossos provinham de lares
cujos pais infelizmente eram preconceituosos e não raro incentivam seus filhos
a continuarem a sê-lo. Madagascar não era tão popular antes dos filmes da
Disney. Do Marrocos a África do Sul a dificuldade não consistia em decorar a
pronúncia de nomes, mas a divisão de territórios permanentemente em guerras
tribais, geralmente impulsionadas por grupos europeus inescrupulosos! Todavia
estávamos no (agora) Ensino Fundamental e a professora (que ainda não era
chamada de Tia) relevava nossos erros carinhosamente, apoiando-nos a corrigir e
reiniciar com mais entusiasmo.
Nem vou me estender aquém,
especificando o problema do salário defasado do Professor ou transporte escolar
para as crianças do campo, etc e tal. Meu objetivo nesse artigo é tecer olhar
de admiração (saudosismo e até pontinha de inveja), mesclado à satisfação de
acompanhar a evolução do estudo da geografia. Concorde comigo: hoje é super
fantástico viajar pelo mapa mundi sem sair do lugar, com a sensação de quase
estar presente fisicamente. E nem vou ficar atrelada ao Google Earth,
disponível para usuários domésticos, programa desenvolvido pela empresa
Keyhole, Inc. intitulado Earth Viewer, comprado pela Google em 2004, que visualiza imagens de diversos satélites (e da NASA),
mostrando-nos detalhadamente cidades, relevos, construções em 3D, até as
galáxias no espaço. Refiro-me aos livros de história e geografia, aos programas
de televisão, aos sites de pesquisas, as revistas e jornais que ao abordarem
assuntos diversos, acrescentam dados estatísticos e geográficos multicoloridos.
Assombra-nos a velocidade da
informação, o cruzamento de dados das áreas diversas e as múltiplas
possibilidades do professor poder desenvolver tudo isso em sala de aula. Então
aquelas nossas cartolinas amassadas, as canetas que respingavam tinta no
uniforme, os livros de cores esmaecidas e o sofrível mapa da parede ao lado do
quadro negro, que continha alguns erros similares aos que cometíamos
inocentemente ficaram para trás. Quando nossa geração desenhava o mundo, a
verdadeira dimensão do planeta infelizmente ainda era restrita. Hoje se
descortina a extensão do mundo fascinantemente diante dos nossos olhos e num
piscar de olhos!
Régis Mubarak
terça-feira, 22 de julho de 2014
domingo, 20 de julho de 2014
Em nome de quem
Lawrence Wright é colunista e
repórter da revista New Yorker e pesquisador do Centro de Direito e Segurança
da Universidade de Nova York. Vencedor de inúmeros prêmios em reportagens
fascinantes é autor do Livro “A prisão da Fé,” que li e reli sofrendo a cada
página, inacreditavelmente suando frio embaixo dos cobertores em meio a esse
inverno tenebroso, quase digamos assim... um típico inverno islândes! Sofri para
entender (jamais aceitar, não confunda cara pálida), como pessoas extremamente
inteligentes deixam-se convencer e serem usadas (e abusadas) em nome seja lá de
quem for. Recomendo o livro, sem deixar de confessar que não sabia da existência
desse obstinado escritor norte americano nascido no ano de 1947. (Buscando dados
sobre sua carreira eis o site: http://www.lawrencewright.com/.
Também acabei descobrindo que já escreveu roteiros para cinema: http://en.wikipedia.org/wiki/Lawrence_Wright.
Fiquem a vontade, para ir até esses endereços e depois seguirem em frente.)
Lawrence Wright como disse a
resenha do Jornal Washington Post: (...) “...trata a Cientologia, sua história,
teologia e hierarquia, com lucidez e coragem investigativa.O resultado é a
prova de que a verdade pode ser mais estranha que a ficção científica.” Puxando
“a orelhinha do próprio livro” encontramos que: (...) “...o resultado é uma
reportagem corajosa sobre a seita e seus líderes, mas também uma reflexão
profunda sobre a natureza da Fé.” E reproduzindo outra resenha a do The Los
Angeles Times: (...) “...Para quem gosta de escândalos das celebridades de
Hollywood, os capítulos sobre Tom Cruise e John Travolta são um prato cheio.”
Eu acrescentaria: para os fãs é deveras angustiante. (Entretanto em nenhum
momento Wright irá denegrir a imagem dessas celebridades, bem como das demais pessoas
envolvidas em histórias assombrosas.)
Ao longo das quase 600 páginas,
além das notas autoexplicativas, links complementares, dezenas de entrevistas, com
membros e ex-membros da Cientologia, ele imergiu em exaustivas pesquisas e
minuciosamente revisou processos judiciais dos mais variados em diversos países,
para esclarecer, explicitar e tentar até dissertar sobre o poder da Cientologia.
Então você já captou amiguinho a essência do conteúdo: de que não se trata de um
livro para difamar ninguém ou “jogar”
como estamos acostumados “mais lama no
ventilador” ou “respingar m...”
para todos os lados. Ou nossos típicos casos nacionais e latino americanos tri conhecidos:
“se eu cair levo todo mundo comigo!” Lawrence
Wright escreveu “quase” um livro de história, didático, fantástico e
surpreendente em cada página recheada e fartamente documentada com centenas de
informações quase inacreditáveis. (E olha, que eu nem me assusto assim tão
fácil!)
(...) “...A Cientologia
certamente está entre as religiões mais estigmatizadas do mundo em razão de sua
extravagante cosmologia, de seu comportamento vingativo contra críticos e
desertores e do dano infligido as famílias que foram separadas pela política de
“desconexão” da igreja, (a exigência de que seus membros se isolem de pessoas
que se põem no caminho do ansiado progresso espiritual),” afirma o autor para
complementar adiante: (...) “...Passei boa parte da minha carreira examinando
os efeitos de crenças religiosas sobre a vida das pessoas. Historicamente, essa
é uma influência muito mais profunda sobre a sociedade e os indivíduos que a
política, matéria-prima de tanto jornalismo.” Você pode buscar aleatoriamente
palavras como Sea Org, David Miscavige, Xenu, Clear Mind, L.Ron Hubbard,
e-meters, dianética, Paul Haggis que entenderá partes do que estou redigindo
aqui ou ler esse obra magnífica, que nos leva ao fundo de um poço escuro de
solidão, mentiras, abusos. Onde se aprisionam pessoas ingênuas ou desesperadas
ou que se achavam tão inteligentes e foram ludibriadas em nome da Fé numa
prisão, vendendo ou se deixando arrancar pedaços de suas almas!
Régis Mubarak
terça-feira, 15 de julho de 2014
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