Partindo do título escolhido não
precisarei fazer nenhum mistério a cerca da nossa prosa de hoje. Pra evitar que
você perca minutos preciosos do seu tempo já antecipo meu posicionamento:
Rolezinho, Role ou Rolezão só se for à Biblioteca mais próxima. Passar horas e
horas mergulhado (a) em pesquisas que vão me agregar valor a um leque de
conhecimentos maior daqueles que já disponho. Queridos e queridas se quiserem
me convencer sociologicamente sobre o movimento que está nascendo (?!?) e se vai
ou não render frutos, desculpas mil: mas não estamos falando o mesmo idioma.
Como sempre tenho o
hábito/virtude, desde “o primeirinho texto” que escrevi e publiquei no início
de um mês de agosto do século passado, cujo título chamava-se Calendário: (...) “Enquanto o País limpa sujeiras antigas, cada mês do calendário,
traz-nos um novo descalabro. Quando tudo acabar, a nova geração de brasileiros
que está nascendo agora, reconhecerá nos homens que permanecerem íntegros,
verdadeiros heróis. O lastimável é que serão poucos...” de ressaltar que sua opinião discordante,
dissonante ou filosoficamente exposta tem o mesmo valor que a minha. (Se nunca
me considerei “a última bolachinha do pacote,” não será agora que vou forçar
você a rever seus conceitos e preconceitos, porque sim eles existem em todos
nós, pobres mortais. E ninguém está isento de um dia levantar da cama e se
redimir, reconhecendo o equívoco.) Nesse caso específico, pode ser que isso
ocorra daqui algum tempo, mas duvido muito. Nesse exato nanossegundo
Rolezinho/Rolezão, criatura diga um solene não ao convite!
Muitos estudiosos de alto
gabarito tem associado “esse fenômeno sazonal” às manifestações sociais
acontecidas recentemente no País. Ok, como eu disse respeito em primeiro lugar
é tudo de bom! Mas protestar em Shopping Centers, templos mundiais do consumo
não parece algo contraditório? Deixe-me citar um exemplo prático: no meu
caso... huuummm... acompanhe meu raciocínio: sou fissurada pelo (a) Duster, que
nem é um carro exorbitante caro, para os padrões atuais. Entretanto por não
dispor da grana (total com todos os seus acessórios inclusos) nesse derradeiro
momento da minha existência “vou pirar na batatinha” e toda semana dar um
Rolezinho na revenda Renault por que, veja você: se não possuo um Duster, meu
sonho de consumo atual é um Duster e nem Papai Noel, nem Coelho da Páscoa, nem
a Fada do Dente vai me dar um de presente, automaticamente faço parte da
“cadeia da periferia dos excluídos” e vou atazanar a equipe da Renault até que
chamem a Brigada ou fechem as portas. Também tenho direito a um Duster, pago
impostos, nunca cai na malha fina, nem sei onde fica o escritório do SPC, nunca
processei minha companhia telefônica nem a Televisão por Assinatura pelos
contínuos maus serviços prestados, (aliás, quem sabe...) bem... “apenas está
falando a graninha” e esse mero detalhe me enquadra: estou/sou despossuída!
Então se me enquadro na categoria
“povão” por não ter um Duster, vou passar a odiar a classe média alta e a
classe alta e logicamente todos os outros que dirigem esse carrão! Mas fora
isso alguém já te convidou para dar Rolezinho tipo: na Biblioteca? Numa
apresentação da Ospa? Num seminário sobre alimentação saudável? Numa
conferência sobre estudos de células tronco? Eis que as camadas mais baixas da
população (?!?) estão sendo incentivadas por espertalhões (infiltrados em todos
os movimentos nascentes), para protestar contra a ilusão do consumismo...
Raciocine criatura: como se consumir desenfreadamente fosse sinônimo de
felicidade suprema e invadir Shopping Center ao som de pancadão, fizesse “o
possuído do Eike Batista” devolver todo dinheiro (bilhões) que deve ao BNDES
até amanhã de manhã!!!
Régis Mubarak