quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Rolezinho ou Rolezão na Biblioteca



               Partindo do título escolhido não precisarei fazer nenhum mistério a cerca da nossa prosa de hoje. Pra evitar que você perca minutos preciosos do seu tempo já antecipo meu posicionamento: Rolezinho, Role ou Rolezão só se for à Biblioteca mais próxima. Passar horas e horas mergulhado (a) em pesquisas que vão me agregar valor a um leque de conhecimentos maior daqueles que já disponho. Queridos e queridas se quiserem me convencer sociologicamente sobre o movimento que está nascendo (?!?) e se vai ou não render frutos, desculpas mil: mas não estamos falando o mesmo idioma.


              Como sempre tenho o hábito/virtude, desde “o primeirinho texto” que escrevi e publiquei no início de um mês de agosto do século passado, cujo título chamava-se Calendário: (...) “Enquanto o País limpa sujeiras antigas, cada mês do calendário, traz-nos um novo descalabro. Quando tudo acabar, a nova geração de brasileiros que está nascendo agora, reconhecerá nos homens que permanecerem íntegros, verdadeiros heróis. O lastimável é que serão poucos...” de ressaltar que sua opinião discordante, dissonante ou filosoficamente exposta tem o mesmo valor que a minha. (Se nunca me considerei “a última bolachinha do pacote,” não será agora que vou forçar você a rever seus conceitos e preconceitos, porque sim eles existem em todos nós, pobres mortais. E ninguém está isento de um dia levantar da cama e se redimir, reconhecendo o equívoco.) Nesse caso específico, pode ser que isso ocorra daqui algum tempo, mas duvido muito. Nesse exato nanossegundo Rolezinho/Rolezão, criatura diga um solene não ao convite!
              Muitos estudiosos de alto gabarito tem associado “esse fenômeno sazonal” às manifestações sociais acontecidas recentemente no País. Ok, como eu disse respeito em primeiro lugar é tudo de bom! Mas protestar em Shopping Centers, templos mundiais do consumo não parece algo contraditório? Deixe-me citar um exemplo prático: no meu caso... huuummm... acompanhe meu raciocínio: sou fissurada pelo (a) Duster, que nem é um carro exorbitante caro, para os padrões atuais. Entretanto por não dispor da grana (total com todos os seus acessórios inclusos) nesse derradeiro momento da minha existência “vou pirar na batatinha” e toda semana dar um Rolezinho na revenda Renault por que, veja você: se não possuo um Duster, meu sonho de consumo atual é um Duster e nem Papai Noel, nem Coelho da Páscoa, nem a Fada do Dente vai me dar um de presente, automaticamente faço parte da “cadeia da periferia dos excluídos” e vou atazanar a equipe da Renault até que chamem a Brigada ou fechem as portas. Também tenho direito a um Duster, pago impostos, nunca cai na malha fina, nem sei onde fica o escritório do SPC, nunca processei minha companhia telefônica nem a Televisão por Assinatura pelos contínuos maus serviços prestados, (aliás, quem sabe...) bem... “apenas está falando a graninha” e esse mero detalhe me enquadra: estou/sou despossuída!
              Então se me enquadro na categoria “povão” por não ter um Duster, vou passar a odiar a classe média alta e a classe alta e logicamente todos os outros que dirigem esse carrão! Mas fora isso alguém já te convidou para dar Rolezinho tipo: na Biblioteca? Numa apresentação da Ospa? Num seminário sobre alimentação saudável? Numa conferência sobre estudos de células tronco? Eis que as camadas mais baixas da população (?!?) estão sendo incentivadas por espertalhões (infiltrados em todos os movimentos nascentes), para protestar contra a ilusão do consumismo... Raciocine criatura: como se consumir desenfreadamente fosse sinônimo de felicidade suprema e invadir Shopping Center ao som de pancadão, fizesse “o possuído do Eike Batista” devolver todo dinheiro (bilhões) que deve ao BNDES até amanhã de manhã!!!

Régis Mubarak