terça-feira, 7 de janeiro de 2014

50 por cento



              2014 chegou e eu espero sinceramente que você esteja se sentindo feliz. Se não estiver não culpe ninguém além de você mesmo e faça acontecer, revertendo a situação. Simples, resumido, enxuto, conciso... até parece frase pronta para postar no microblog do Twitter e seguir adiante. Contudo... e vou me valer de um texto que escrevi em 2012 intitulado “Difícil não significa impossível” para complementar: (...) “Paralelamente ao mundo das infinitas possibilidades encontra-se o mundo das dificuldades. (...) Não nego a existência das impossibilidades como um muro de 10 metros de concreto (e altura) ou até mais, dependendo do ponto de vista de cada um ou de até aonde sua vista puder alcançar.” Acontece que 2014 chegou e eu gostaria de repartir com você uma sensação plena de satisfação e êxtase. (Mas... eis a questão crucial dos 50 por cento.) Por não estar me sentindo plenamente satisfeita e menos ainda usufruindo de uma felicidade borbulhante, fervilhante, transbordante... nesse exato nanossegundo da minha existência não poderemos partilhar nada disso. (Nesse exato nanossegundo é bom ressaltar!)
             Iniciei meu ano novo com uma sentença que será minha bússola para os próximos meses: “365 oportunidades de fazer acontecer: começando 2014 pela eliminação de pessoas e coisas inúteis... a vida fica bem mais fácil assim.” A frase é minha, o desejo e o objetivo também. (Eu sei que você já sabe, contudo não custa rememorar o que o bom e velho Confúcio já alertava: “Mil dias não bastam para aprender o bem, mas para aprender o mal, uma hora é demais.”) Descobri que esse projeto de eliminar pessoas e coisas inúteis é os 50 por cento que estava faltando para alcançar minha trilha zen! E que essa frágil sementinha chamada felicidade que só eu e você podemos plantar, cuidar e deixarmos crescer, não colocando a responsabilidade nos ombros de ninguém tem uma espécie de DNA (código genético) único e intransferível. Dentro dele outro código que leva a tesouros incalculáveis!
              Não estou pessimista, menos ainda induzindo você a olhar o céu lá fora na certeza de que logo vai chover sobre sua cabeça e nuvens cinzentas não vão arredar pé. Mesmo porque chuvas são abençoadas para o ciclo da natureza, a gente só se vale como metáfora para exemplificar situações complicadas. Não estou sendo amarga ou me achando injustiçada, etc e tal e transmitindo tristezas e ressentimentos como vírus contagiante. Pra ser direta e peço um milhão de desculpas a todos os que se consideram religiosos fervorosos, estou completamente cética e não darei mais nenhum voto de confiança a certas pessoas (faça sua própria lista: família, amigos, parentes em até 5º grau, colegas de trabalho, vizinhos, ex-amores, artistas preferidos, gatos, cachorros e papagaios) se irão realmente (porque não irão) evoluir nessa encarnação. Certas criaturas necessitam de bem mais que mil dias para aprender fazer o bem. Dói admitir que existem pessoas tão próximas a nós que se alimentam, se deleitam, se extasiam sendo pérfidas, miseráveis, cretinas, ferinas e principalmente inúteis, sem jamais se colocarem no lugar do outro, para entender como é passar por determinadas situações.
              2014 chegou e confesso, (difícil não significa impossível) que os 50 por cento que me faltava justamente era a coragem para eliminar principalmente pessoas inúteis. Não estou repassando nenhum conselho. Apenas compartilhando um momento pessoal.  Não vou sair esgoelando ou esfolando ninguém semana que vem, por mais que tenha vontade de fazê-lo. Mas remover pessoas vivas de dentro do nosso coração, quando achávamos que elas mereciam ficar ali é mais ou menos como prantear a morte de alguém, que saiu para viajar e não mais voltou. Resta-nos as lembranças e cicatrizes!

Régis Mubarak