Difícil é externar o pensamento de
maneira que nos façamos entender, sem magoar, nem ofender, sem tolher a liberdade
de quem está ao nosso lado e pensa de maneira completamente diferente. Quino
(Joaquín Salvador Lavado Tejón/1932), esse argentino fantástico e sua criação
onipresente a menina Mafalda, talvez seja um dos grandes mestres em expressar
opiniões relevantes. (Recentemente, contudo me descobri perdidamente apaixonada
pelo Rei Julian (O Rei dos Lêmures) da Trilogia Madagascar (DreamWorks) que
aliás, faço sincero convite para que conheçam a comunidade “Rei Julian: o
Sábio,” de onde tirei o magnífico poema do Bocó!)
Graças a Internet e há esses
tempos ultra-notáveis, abriram-se possibilidades ilimitadas de manifestações de
toda ordem ou da falta dela! Propiciando voz e vez tanto aos excluídos ou revoltados
quanto aos cheios de atitudes ou inteligência acima da média, criou-se esse
espaço incrível de notoriedade instantânea tanto aos vagabundos errantes quanto
aos gênios incompreendidos e obviamente, as pessoas comuns, como eu e você. De
repente qualquer acontecimento, desde uma fatalidade que envolva membros da “nossa
aldeia,” quanto a um evento festivo que aflua dezenas de “índios de várias tribos,”
faz desabrochar o desejo irrefreável de compartilhar nossos pensamentos para o
mundo inteiro ouvir! De repente torna-se vital despejar o montante de teorias
reprimidas para impressionar quem quer que seja. E envolvemo-nos em fóruns e
discussões, que de saída não dominamos nem a primeira linha do assunto
principal, inserindo conclusões precipitadas, julgamentos imprecisos, xingamentos
ou acusações, descambando às vezes em intermináveis bate bocas, na tentativa de
sobrepujar nosso posicionamento em cima dos demais envolvidos na questão ou no
grupo, utilizando-se quando da escassez de argumentos plausíveis, de linguagem carregada
de termos ofensivos ou chulos.
É de Cícero (Marco Túlio Cícero
106 A.C a 43. A.C), filósofo, escritor e político romano, de quem busco a
citação: (...) “Do mesmo modo que o campo
por mais fértil que seja sem cultivo não pode dar frutos, assim é o espírito
sem estudo.” Mas o que isso significa afinal de contas, você deve estar se
indagando? Buscar referencial na filosofia para poder externar minha opinião
quando me der vontade? Socorrer-me ao dicionário Aurélio e a termos impolutos
para impressionar a Professora? Solicitar “encarecidamente” ao Portal de
Notícias da minha preferência, que o Senhor Editor revise meu comentário antes
de publicar, substituindo-o por sinônimos que causem forte impressão de
intelectualidade a concorrência? Não amiguinho (a), o que quero dizer com todo
carinho é que na “horinha h” em que você for transcrever seu pensamento,
(elogio ou crítica), sua opinião (favorável ou antagônica ao contexto), “seu
pitakinho,” analise-o minuciosamente antes de clicar a tecla enviar, ainda que
seja de direito constitucional a liberdade suprema de expressão em território
nacional, ou até em outros idiomas e países se for o caso e você os dominá-los
com maestria.
“Nada é mais poderoso do que uma ideia que chegou no tempo certo.” Victor
Hugo (1802-1885), célebre escritor francês já indicava o caminho a ser
percorrido. Mas acontece todo dia, no afã de externarmos nossos sentimentos
cometemos injustiças irreparáveis, além de assassinatos linguísticos! Revise,
apague, corrija, não divulgue ideias que depois de expostas irão colocar você
numa armadilha cujo resultado pode ser catastrófico. Ser inteligente meu
camaradinha é acima de tudo, reconhecer também em você aqueles defeitos que julgávamos
existir somente nos nossos inimigos, concorrentes ou opositores, seja do que
for... ou... de qual lado estiverem de quaisquer batalhas!
Régis Mubarak