Venho pesquisando o trabalho do
cientista Robert Lanza, desde o final de 2015. Magnífico, nada menos que isso. Imensamente
perturbador dependendo do seu ponto de vista, sua religião ou da falta dela,
principalmente se considerarmos sua efetiva participação nos primeiros
trabalhos sobre clonagem de embriões humanos. Sem deixar de citar Ian Stevenson
(1918-2007), que por anos foi psiquiatra chefe do departamento de Estudos da
Consciência da Universidade de Virgínia, o americano Robert Lanza vai além,
explorando as questões do tempo, da morte, da vida após a morte e da
consciência, consciente de sua própria atemporalidade num universo sem fim.
Mas não é especificamente sobre “a
teoria do Biocentrismo” e também é sobre ela em certa circunstância, numa
madrugada fria do final do mês de abril, que escrevo este texto. Não gosto do
inverno. Nunca gostei desde criança, “quando não podíamos ficar soltos ao vento”
eu e meu único irmão tipo “cavalos selvagens” desfrutando da liberdade em campo
aberto. Antevendo talvez que num futuro não muito distante, ela a liberdade nos
seria cerceada, por compromissos inadiáveis, a labuta diária, o excesso de
responsabilidades e tantos outros desprazeres que redesenham-nos como adultos.
Entretanto transcrevo a seguir um
pedacinho daquela música sensacional do Djavan que diz que “um dia frio” é:(...) “...um bom lugar para ler um livro/ e
o pensamento lá em você/eu sem você não vivo/um dia triste/toda fragilidade
incide/e o pensamento lá em você/e tudo me divide.” Traduzindo em bom português
inverno só combina com bons livros, café extra forte, música de primeira qualidade,
chocolate e queijo derretidos, isso para qualquer pessoa em qualquer idade e
lugar. (E um excelente vinho tinto intercalado a intermináveis sessões de
paixão e loucura embaixo do cobertor, para maiores de 21 anos de idade no
mínimo! Obviamente para aqueles que respondam por seus atos e pagam suas
próprias contas no final do mês.)
Um momento de total êxtase
segundo o pensador de origem germânica Johann Goethe (1749-1832) que: “Na plenitude da felicidade, um dia é uma
vida inteira.” Só que o mundo às vezes é cruel além do que precisaria ser,
cobrando um preço altíssimo por raros momentos de felicidade plena e por
paixões desenfreadas. E se a vida real nos faz sangrar algumas gotas a cada dia,
para atingirmos nossos objetivos, nós os comuns mortais, faz sangrar com
intensidade imensurável aqueles homens e mulheres, que decidiram corajosamente
desvencilhar-se do senso comum, de suas rotinas previsíveis e graças aos
fracassos ou sucessos, lutas inglórias e intermináveis batalhas transformaram-se
em personagens da história, mitos, lendas ou heróis.
Heróis como Leonel Brizola
(1922-2004), cujo livro de João Brizola “Minha vida com meu pai Leonel Brizola”
com certeza já está no topo da lista das melhores obras que li (num único
fôlego, numa única madrugada, mantendo os níveis mínimos de oxigênio para garantir
minha sobrevivência), nos últimos cinco anos. Não é um livro didático, nem
chapa branca, menos ainda excessivamente tendencioso, porque não se refere
exclusivamente ao político, caudilho, líder, guerreiro, mito Leonel Brizola.
Trata-se de “um olhar além da alma” escrito por um homem adulto, seu único
filho ainda vivo, que precisou buscar na infância, na sua memória afetiva as
suas próprias feridas abertas para contar a sua verdade, descrevendo dores essencialmente
familiares.
Eu estava na fronteira com o
Uruguai a trabalho, numa noite muito fria. Ao amanhecer comprei mais dois
exemplares: um para meu irmão, uma das pessoas mais importante da minha vida. E
o outro, para um grande amigo querido, um ser humano cuja inteligência,
determinação e brilhantismo muito acima da média são motivos de profundo respeito, admiração e carinho. (E
graças a sua obstinação e trabalho sério, vem consolidando seu nome como promessa
sólida e invejável de figura pública e íntegra.)
Nos próximos dias retomo minhas
pesquisas e leituras dos ensaios do Doutor Robert Lanza, na busca de algumas respostas
ou na confirmação daquilo que pra mim é uma certeza definitiva: sim existe vida
após a morte. E retornamos infinitas vezes até completarmos o trabalho que a
cada existência... possamos ter deixado inacabado.
Não pode ser diferente, não é
justo, não faz sentido viver simplesmente uma vida sem utilidade. Sem
experimentar grandes amores. Construir grandes projetos. Concretizar grandes
ideais. E se você ler “Minha vida com meu pai Leonel Brizola” de João Brizola,
sem sentir a emoção a flor da pele, seus batimentos cardíacos não acelerarem ou
derramar gotinhas minúsculas de lágrimas e dor, desculpe a sinceridade: mas você
não é um ser humano completo ou seu DNA provavelmente seja de algum alienígena
reptiliano ou você nunca viveu uma paixão alucinante! Mas ainda há tempo...
Régis Mubarak
Graduanda em Gestão Ambiental – UNOPAR. Especialista Técnica em
Gestão Contábil – CNEC, Marketing – SENAC e Saúde Pública PMI/UNASUS
Pesquisadora AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação
Escreve para Jornais Impressos na Região Sul e Portais de Notícias da
Internet