Quando as pessoas passam por
situações de extrema dificuldade, sejam elas financeiras, emocionais,
profissionais, familiares e até sexuais, ocorre uma mudança significativa no
seu modo de agir, pensar, reagir, encarar a vida. Não deveria ser assim, o
ideal – a grande utopia - seria crescer aos poucos, aprender com pequenos erros
e obviamente não voltar a repeti-los, seguindo em frente. Nossa vida desde o
nascimento até a morte, aliás, não morte e sim a cada passagem, é uma longa
estrada, com curvas, atalhos, trechos pedregosos, outros iluminados, sol,
chuva, ventania, pontes quebradas, pontes refeitas, sinais, pensamentos, relacionamentos,
aprendizados, vastas emoções e decepções. E todos nós, indistintamente todos,
sem nenhuma exceção iremos acumular essas experiências, em enormes quantidades
as boas e também infelizmente, as ruins.
Só para resumir eis uma citação
que busco no filósofo Horácio que diz: (...)
“A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis,
teriam ficado adormecidas.” A vida, não posso afirmar em outros quadrantes deste
universo e de outros universos, mas até onde minhas pesquisas tem me
proporcionado alcançar resultados “quase
conclusivos” é uma fascinante viagem que não tem fim. (Já escrevi vários textos
mais específicos sobre isso, misturando religião, filosofia, esoterismo e
exobiologia, etc, etc, que podem ser facilmente encontrados espalhados pela
internet.)
Aliás, dias desses, tive a grata
satisfação de receber um destes artigos vertido para o idioma mandarim. Ou não?!?
Porque ainda paira-me dúvidas se realmente é um artigo que escrevi em 2014 ou
se foi uma brincadeira sacana (uma montagem) de “um ex-quase-príncipe encantado,” que faz intercâmbio naquele longínquo
país e que me presenteia seguidamente com outros incríveis regalos do
artesanato da cultura chinesa.
E porque “um ex-quase-príncipe encantado?” O que significa isso você deve
estar se indagando?!? Posso resumir mais ou menos assim, sem prejuízo para
qualquer uma das partes: estava apaixonada platonicamente, “me desmanchava,” sem
coragem de me declarar, então escrevi uma carta gigantesca e pedi para um amigo
especial entregá-la ao meu objeto do desejo, que era meu colega de faculdade,
do curso de Psicologia, curso esse que nunca cheguei a concluir. Numa vacilada “meu
amigo da onça,” deixou a carta na jaqueta que sua mãe enfiou na máquina de
lavar “e a carta afogou-se” exterminando minhas chances reais de um futuro
envolvimento amoroso!
Do outro lado, o tal garoto, dono
de um quociente de inteligência incomparável e proporcionalmente tímido aos
extremos, também escreveu uma carta (de amor!) só que colocou no correio com o
número errado da minha casa. A carta nunca chegou, mas como o destino é uma
espécie de feiticeiro brincalhão, o carteiro da época não devolveu ao remetente
e esqueceu-a na sua própria casa até que um dia, não me pergunte como isso foi
acontecer, (é fantástico), ligou meu nome a um artigo jornalístico da cidade onde
resido atualmente e a remeteu, mais de uma década depois a redação do jornal.
Recebi, li, reli, duzentas vezes,
mas não me desabei em prantos, por já ter sofrido o suficiente naquela época
distante. De certo modo como ninguém havia tomado a iniciativa, (ou ao contrário,
ambos haviam tomado, mas tudo dera super errado), nossa amizade não foi
afetada. Aquele garoto lindo, hoje um homem mais lindo ainda, viajou para a
Alemanha, onde fez seu mestrado, depois aos Estados Unidos, onde concluiu seu
doutorado e antes de ingressar no Pós-Doutorado, faz seu intercâmbio de estudos
no continente asiático, mais especificamente na China, terra natal de sua atual
namorada.
E onde entra a erva mate e o
chocolate prestígio nessa história? Entra no nosso coração, nas nossas
lembranças, na nossa saudade e nos carregamentos que lhes envio a cada três
meses a República Popular da China. O chocolate sempre faz o maior sucesso, mas
a erva mate, dá um capítulo inteiro de um livro, porque as primeiras vezes tive
a brilhante ideia de enviar os volumes do tipo caseiro, comprados numa feira,
sem a embalagem de identificação oficial (realmente foi uma ideia
estupendamente estúpida), que lhe causaria a maior confusão digamos assim... na
paróquia e na polícia local...
Acredito que o ser humano
perfeito ainda esteja na sua fase “mais nobre” do seu “estágio final de
rascunho.” Ainda somos rascunho inacabado do projeto magnífico de origem
cosmológica universal. Entretanto se olharmos para trás já não somos tão selvagens, idiotas, animalescos, infiéis,
violentos, misóginos, insensíveis, homofóbicos, preconceituosos e outras
dezenas de defeitos. Se olharmos para trás, descobriremos com imenso orgulho
que estamos evoluindo a grandes saltos se comparados aos sanguinários séculos
das cruzadas, só para nos situarmos em algum ponto da história da humanidade.
Mas nos falta externar sentimentos, todos os tipos de amor incondicional,
reciprocidade, etc e tal. E não me refiro “aos trilhões de emojis da internet!”
Refiro-me a vida real!
Refiro-me a gestos e palavras sinceras
em momentos de dúvidas, dificuldades, angústias, tristezas, solidão. Refiro-me
a ter sua alma tocada por outra alma, sem medo de parecer ridículo, frágil ou
inseguro. A buscar luz e energia, transmitindo essa mesma luz e energia em
igual intensidade, sempre. Ou provando na prática, através de carregamentos
trimestrais de erva mate e chocolate prestígio, da beira do rio Uruguai até a uma
distante província lá na China, que nem toda malfada história de amor precisa
por um fim melancólico a relacionamentos humanos, destruindo corações
apaixonados ou cortando laços de amizade que interligam “almas meio que parecidas”
aqui nessa Terra!
Graduanda em Gestão Ambiental – UNOPAR. Especialista Técnica em Gestão Contábil – CNEC, Marketing – SENAC e Saúde Pública PMI/UNASUS
Pesquisadora AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação
Escreve para Jornais Impressos na Região Sul e Portais de Notícias da Internet