segunda-feira, 10 de abril de 2017

Por um sorriso francês e meu chapéu do Indiana Jones



           “Sentimos saudade de certos momentos de nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela.” Foi o poeta e escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) quem criou essa belíssima citação. De amplo domínio público e cujo autor desconheço há outra que diz o seguinte: “Todo poeta é um filósofo, mas nem todo filósofo é um poeta.” Discordo, há muita Poesia na Filosofia, basta procurar.
             Em um único parágrafo Drummond consegue transpor sentimentos de uma vida toda... só por isso os escritores merecem o céu. Não há o que discordar quando os poetas falam de amor, quando os filósofos se debruçam e atravessam noites insones tentando explicar as dores da humanidade ou quando além dos livros, o conhecimento popular eterniza-os através da tradição oral que vai sendo passada de geração a geração.
              E não sejamos preconceituosos, há também muita poesia e sabedoria em frases típicas de para-choque de caminhão cujos autores quase sempre anônimos, bem que mereceriam medalha de ouro por tamanha criatividade ou assertiva: “Que mulher nunca comeu uma caixa de Bis por ansiedade, uma folha de alface por vaidade e um baita cafajeste por saudade?” (Me deparei com “essa pérola” dias atrás, quando viajámos na BR 285 que liga a cidade de São Luiz Gonzaga a São Borja.) Irresistível!
              Sem poesia, filosofia ou música a vida se tornaria um fardo demais a ser carregado e me baseio em Friedrich Nietzsche (1844-1900), sim o legítimo e múltiplo filósofo, poeta e compositor alemão para justificar: “Quão pouco é preciso para ser feliz. O som de uma gaita. Sem música a vida seria um erro.” (Nada mais a declarar!)
              Talvez você ainda não tenha ouvido falar de Isabelle Geffroy, mais conhecida por Zaz, uma cantora francesa da novíssima geração ou Pablo Alborán, (Pablo Moreno de Alborán Ferrándiz), nascido em Málaga, Espanha, jovem promessa da musica latina. Em especial há uma canção interpretada por eles “Sous le ciel de Paris” cujo link anexarei a seguir que é fabulosa: https://www.youtube.com/watch?v=XxGeJILz3bQ
               Acredito que o amor sobrevive a tudo, as grandes catástrofes, as tempestades, aos dias sem sol, as decepções, as separações e as distâncias. Inclusive as traições. Se não sobrevive então é um sentimento pequeno, menos significativo, menos exuberante, na substância, na essência, não é verdadeiramente amor. Para além do sexo selvagem, do tesão, da loucura, da paixão, refiro-me aquele amor que fica, quando sobram apenas as recordações com gosto de chocolate a derreter na boca. A última gota de perfume naquele blusão velho escondido no fundo do armário. As palavras escritas em cartões já amarelados: “de... não posso viver sem ti.” No beijo que se materializa quando ouvimos determinadas canções no rádio do carro, igual a “essa de Zaz e Pablo Alboran.”
             Porque “...saudade é um fio invisível e forte que liga a metade de um coração que fica a outra metade de um coração que vai.” (Essa frase é de minha autoria, eis que também tenho meus dias de inspiração às margens do rio Uruguai.) E foi rabiscada muitos anos atrás para um grande amor francês, que se transformou num grande amigo e cujo aniversário em abril, nos comprometemos comemorar (ainda que em continentes diferentes) até completarmos mais ou menos uns 88 anos de idade e nossa memória provavelmente passe a nos aplicar pequenos golpes, e por fim confundiremos as datas!
               Pra ti Gígio que me ensinou que a palavra paciência não é sem importância, nem foi inventada pelos gregos! Pra ti que sempre acreditou nas minhas viagens a outras galáxias “olha nos meus olhos, não esquece que eu estou aqui,” me dizendo pra voltar a terra! Pra ti e os teus dois piás, que ao conhecê-los fiquei encantada! E pela esperança que nunca morre aqui dentro, de que tu me devolva “meu chapéu do Indiana Jones” um dia. Que tu sabes, é original, autografado pelo Harrison Ford, custou uma fortuna e me faz chorar... cada vez que lembro... para quão longe foi levado de mim!!!

Régis Mubarak  
Graduanda em Gestão Ambiental – UNOPAR. Especialista Técnica em Gestão Contábil – CNEC, Marketing – SENAC e Saúde Pública PMI/UNASUS 
Pesquisadora AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação 
Escreve para Jornais Impressos na Região Sul e Portais de Notícias da Internet