quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A Fábula da Colmeia do Trabalho



              Essa é uma história muito, muito antiga passada de geração em geração...
              “Havia uma aldeia encantadora que ficava localizada bem no meio de um vale próspero e feliz, rodeado de outras aldeias tão simpáticas quanto ela. Um vale colorido, com uma diversidade de plantas, animais e etnias, que vizinhos próximos acreditavam serem suas águas divinas. Por décadas e décadas, todos prosperavam e não havia inveja e competição entre os moradores do local. Todos se ajudavam e nos finais de semana, comemoravam em bailes e festas suas colheitas fartas. Os anos ia passando e as famílias cresciam e tinham filhos e filhas perfeitos e cheios de virtudes, que se enamoravam e casavam e tinham outros filhos e filhas mais lindos e carregados de virtude também. Então houve um dia, ninguém lembra ao certo quando, que algo se sucedeu colocando a prova os verdadeiros valores daquela aldeia. Um mensageiro que ninguém sabe vindo de que região distante, lançou uma espécie de maldição para testar se o grau de amizade e solidariedade, permaneceria indestrutível em momentos de dificuldade extrema. E o sol deixou de brilhar por breve período desaquecendo seus corações. Mas o segredo para quebrar tal feitiço, fora escondido em potes de mel numa colmeia de abelhas, localizada na encosta de uma das montanhas do vale. O que aconteceu a seguir foi uma sucessão de desavenças desgastando relacionamentos, amizades sendo desfeitas e os conhecimentos deixando de ser transmitidos uns aos outros. Períodos de colheitas ruins, intempéries climáticas e discursos inflamados, dividiriam os clãs e transformariam amigos em desafetos e até, em inimigos mortais. Mesmo os jovens, cheios de energia criativa eram proibidos pelos anciãos de pôr em prática ideias em busca de soluções. Nada parecia dar certo, até que numa manhã de dezembro, o mensageiro retornou a aldeia com quatro burricos, oferecendo-lhes ajuda e resposta a tais desafortúnios. Os líderes locais, cada qual presenteado com um burrico puseram-se a traçar planos de como subir a montanha, encontrar os potes mágicos e resgatar a luz do sol. Entretanto na noite anterior, cada líder ordenava ao seu burrico que puxasse a carroça para um lado específico, favorecendo sua posição, porque queria ser ovacionado por todos os moradores como o único Salvador da Pátria. Então dia após dia, os burricos obedecendo cegamente a seus donos subiam juntos o caminho até a colmeia divina, onde a Rainha Abelha carregava dezenas de potes de mel que trariam de volta a felicidade e a luz do sol, mas ao chegarem próximos à entrada da vila, puxavam a carroça para um lado diferente e essa se despedaçava, levando ao solo os potes de mel que se espatifavam sem dó. O desespero tomava conta da aldeia e a tristeza parecia não ter fim, até que numa noite, um dos burricos cansado daquilo tudo escapou do cercadinho e subiu sozinho até a montanha, pedindo humildemente auxílio à Rainha Abelha, relatando-lhe que ele e seus irmãos eram forçados a puxar a carroça cada qual para um lado oposto e a Rainha sabendo que falara a verdade, orientou-o a convencer seus irmãos a puxarem a carroça na mesma direção, ignorando as ordens dos velhos anciões, que estavam cegos pela cobiça, pelo poder e pela ignorância. E foi o que os burricos fizeram, descendo a montanha carregados com os potes de mel e ao entrarem na vila, seguiram até a praça, enfrentando os gritos histéricos dos seus donos que se engalfinhavam entre si. Lá, as crianças e jovens de mãos dadas, abraçaram os burricos e os potes de mel, de onde saíram milhares de abelhas mágicas dispostas a contagiar o vilarejo, no mais puro espírito de solidariedade e esperança, porque o futuro é feito com a união de todos, em prol de todos, para o bem de todos, ensinando aos descrentes, que é principalmente nos períodos de dificuldade, que as pessoas devem permanecer íntegras e fortes, dividindo o conhecimento em iguais proporções, descartando o individualismo e o ego, renovando sua coragem e fé no homem, na cooperação e no bem comum acima de tudo.”

Régis Mubarak
Graduanda em Gestão Ambiental - UNOPAR E Marketing - SENAC.
Cronista em Jornais Impressos e Portais de Notícias do RS e SC.
Pesquisador AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação.