Essa é uma história
muito, muito antiga passada de geração em geração...
“Havia uma aldeia encantadora que
ficava localizada bem no meio de um vale próspero e feliz, rodeado de outras
aldeias tão simpáticas quanto ela. Um vale colorido, com uma diversidade de
plantas, animais e etnias, que vizinhos próximos acreditavam serem suas águas
divinas. Por décadas e décadas, todos prosperavam e não havia inveja e
competição entre os moradores do local. Todos se ajudavam e nos finais de
semana, comemoravam em bailes e festas suas colheitas fartas. Os anos ia
passando e as famílias cresciam e tinham filhos e filhas perfeitos e cheios de
virtudes, que se enamoravam e casavam e tinham outros filhos e filhas mais
lindos e carregados de virtude também. Então houve um dia, ninguém lembra ao
certo quando, que algo se sucedeu colocando a prova os verdadeiros valores
daquela aldeia. Um mensageiro que ninguém sabe vindo de que região distante,
lançou uma espécie de maldição para testar se o grau de amizade e solidariedade,
permaneceria indestrutível em momentos de dificuldade extrema. E o sol deixou
de brilhar por breve período desaquecendo seus corações. Mas o segredo para quebrar
tal feitiço, fora escondido em potes de mel numa colmeia de abelhas, localizada
na encosta de uma das montanhas do vale. O que aconteceu a seguir foi uma
sucessão de desavenças desgastando relacionamentos, amizades sendo desfeitas e os
conhecimentos deixando de ser transmitidos uns aos outros. Períodos de
colheitas ruins, intempéries climáticas e discursos inflamados, dividiriam os
clãs e transformariam amigos em desafetos e até, em inimigos mortais. Mesmo os
jovens, cheios de energia criativa eram proibidos pelos anciãos de pôr em
prática ideias em busca de soluções. Nada parecia dar certo, até que numa manhã
de dezembro, o mensageiro retornou a aldeia com quatro burricos,
oferecendo-lhes ajuda e resposta a tais desafortúnios. Os líderes locais, cada
qual presenteado com um burrico puseram-se a traçar planos de como subir a
montanha, encontrar os potes mágicos e resgatar a luz do sol. Entretanto na
noite anterior, cada líder ordenava ao seu burrico que puxasse a carroça para
um lado específico, favorecendo sua posição, porque queria ser ovacionado por
todos os moradores como o único Salvador da Pátria. Então dia após dia, os
burricos obedecendo cegamente a seus donos subiam juntos o caminho até a
colmeia divina, onde a Rainha Abelha carregava dezenas de potes de mel que trariam
de volta a felicidade e a luz do sol, mas ao chegarem próximos à entrada da
vila, puxavam a carroça para um lado diferente e essa se despedaçava, levando
ao solo os potes de mel que se espatifavam sem dó. O desespero tomava conta da
aldeia e a tristeza parecia não ter fim, até que numa noite, um dos burricos cansado
daquilo tudo escapou do cercadinho e subiu sozinho até a montanha, pedindo
humildemente auxílio à Rainha Abelha, relatando-lhe que ele e seus irmãos eram
forçados a puxar a carroça cada qual para um lado oposto e a Rainha sabendo que
falara a verdade, orientou-o a convencer seus irmãos a puxarem a carroça na
mesma direção, ignorando as ordens dos velhos anciões, que estavam cegos pela
cobiça, pelo poder e pela ignorância. E foi o que os burricos fizeram, descendo
a montanha carregados com os potes de mel e ao entrarem na vila, seguiram até a
praça, enfrentando os gritos histéricos dos seus donos que se engalfinhavam
entre si. Lá, as crianças e jovens de mãos dadas, abraçaram os burricos e os potes
de mel, de onde saíram milhares de abelhas mágicas dispostas a contagiar o
vilarejo, no mais puro espírito de solidariedade e esperança, porque o futuro é
feito com a união de todos, em prol de todos, para o bem de todos, ensinando
aos descrentes, que é principalmente nos períodos de dificuldade, que as
pessoas devem permanecer íntegras e fortes, dividindo o conhecimento em iguais
proporções, descartando o individualismo e o ego, renovando sua coragem e fé no
homem, na cooperação e no bem comum acima de tudo.”
Régis Mubarak
Graduanda em Gestão
Ambiental - UNOPAR E Marketing - SENAC.
Cronista em Jornais
Impressos e Portais de Notícias do RS e SC.
Pesquisador AVA SARU
em Exobiologia e Tecnologia da Informação.