Não serei intimista, pedante ou
invasiva, nem vou forçar a barra fazendo confissões detalhistas a respeito dos
meus dilemas existenciais. Se continuares lendo dessa linha em diante, já vou
avisando que irei rabiscar algumas palavrinhas sobre coisas que me incomodam.
Se não continuar, tranquilo... nossa amizade não vai se arrefecer nem se desfazer
por conta disso. Assim como não lançarei uma maldição cigana até sua 7º geração,
se você discordar dos meus achômetros, pitakos e ilusões!
É sobre compartilhar de verdade.
Sobre dividir experiências e emoções, sobre ser solidário sem segundas
intenções. Sobre realmente estar disposto a ajudar outra pessoa:
monetariamente, afetivamente, fraternalmente, através da força do pensamento ou
do poder da oração e principalmente de ações concretas! É sobre saber se doar com
intensidade sem buscar os holofotes, sem se achar melhor por isso ou aquilo,
sem querer aplausos, medalhas e um troninho de ouro, à direita (ou à esquerda)
do Criador dos Mundos. Não vou citar nenhum pensador filosófico, nem me
apoiarei em nenhuma linha de correntes budista, hinduísta ou xamânica. (Não vou
falar dos últimos materiais de pesquisas que recebi da minha galerinha do
Canadá e lá do Japão sobre tecnologia e seres cósmicos, senão vai criar a falsa
impressão de que fui completamente abduzida!) Não vou explicitar trechos
bíblicos, nem defenderei mensagens espíritas, menos ainda farei comparação
entre católicos, protestantes, judeus ou islâmicos. Enfim...
Duas histórias com final
devastador me incomodam (e dilaceram) nos últimos dias. Serei breve, sem
ironia, sarcasmo ou amargura, porque vou pedir sua ajuda na conclusão do meu
raciocínio. Primeiro: Porque aquela quantidade quase imensurável de habitantes
da ainda simpática Três Passos, sabia, tinha presenciado ou já ouvido falar a
cerca dos maus tratos do pequeno Bernardo, por parte dos dois psicopatas e não
ajudou o garotinho a sair daquele inferno de vida? Porque na frente das câmeras
de televisão todo mundo se emociona profundamente, como se o menino fosse
ressuscitar depois de amanhã? Porque nas redes sociais, outra quantidade de
pessoas de todos os cantos do país deixou seu recado, sua revolta, sua
consternação, mas não denuncia casos similares que podem estar acontecendo bem
debaixo dos seus narizes? Por quê? Por quê?
Segundo: Porque somente depois da
tragédia da queda do Airbus da Germanwings nos Alpes Franceses, dezenas de
pessoas (incluindo autoridades médicas) vieram a público atestar que sabiam que
o jovem Andreas Lubitz sofria de depressão e passava por graves oscilações
neurológicas? Porque ninguém estendeu a mão e levou o rapaz a um tratamento efetivo
ao invés de paliativo? Por que permitiram que ele continuasse atuando na
profissão sem estar devidamente equilibrado? Por quê? Por quê?
(Eu poderia lhes falar de alguns
e-mails que recebi falando sobre teorias de conspiração do tipo: deixaram que
tudo chegasse até esse patamar, inclusive permitindo que o jovem copiloto
agisse livremente (e levasse toda a culpa sozinho) em meio a uma difícil crise
pessoal, para numa tragédia sem precedentes forçar os países envolvidos (da
nacionalidade das vítimas), a entrarem em guerra contra forças de outros
países, mas vou poupar-lhes dos detalhes, em virtude de que até onde se sabe
está descartada a hipótese de ato terrorista e tudo se tornaria sem
precedentes, mais aterrador ainda.)
Compartilhar de verdade é se colocar no
lugar do outro e sentindo suas dores, suas dúvidas, suas angústias se esforçar
para ajudar de verdade, sem querer algo em troca a não ser o reestabelecimento
da sanidade, da saúde, da felicidade, da vontade de viver, da esperança, no
sentido de sermos todos uma única espécie humana, uma espécie fraterna,
interligada, conectada, uma espécie em processo de ascensão. É buscar ajudar, buscar soluções, as respostas...
antes que algo de muito ruim aconteça, e então não se possa mais voltar a
compartilhar justamente da presença física de quem tanto amamos.
Régis Mubarak