quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Filosofando numa segunda-feira...



              Hoje é quarta-feira, mais especificamente 05:15 da manhã de uma quarta-feira chuvosa, mas poderia ser terça, quinta ou domingo. Ou segunda, onde nosso relato filosófico toma forma. Se já tivesse acertado na mega provavelmente estaria dormindo um baita soninho de urso ou talvez não... Por que afinal, parafraseando o inimitável cantor e compositor Bob Dylan: “O homem é um sucesso se pula da cama de manhã, vai dormir a noite e nesse meio tempo, faz o que gosta.” No meu caso gosto do que faço e também faço o que gosto, intercalando, desenvolvendo e me aperfeiçoando em várias atividades, incluindo a mais recente delas: especialização em tecnologia da informação. Entretanto levando em consideração o quanto nosso tráfego de internet é precário nessa região, acordar às 04 da matina é só um detalhe: sacrifício vital porém altamente compensatório. Por que visando aumentar minha bagagem de conhecimentos, “trocando figurinhas” com “os índios da minha mais nova tribo,” já que no Japão onde atualmente estuda meu “admirável mestre zen intercambista,” nesse horário um tanto quanto ingrato, ainda é dia... não tenho alternativa que resguardaria minha doce vida de urso.
              Foi na segunda-feira que tive basicamente a visão futurista do meu envelhecimento, ou algo próximo de como gostaria que assim o fosse. (Escolhi a foto montagem do desenho animado “Precious Pupp” que no Brasil se chamava “Xodó da Vovó,” série produzida pelos estúdios Hanna Barbera por volta de 1965, contando as aventuras e trapalhadas da vovó Dulcina e seu fiel amigo canino para ilustrar minha fase filosófica.) Mas vou poupá-los de indicativo de links, frases de efeito, mensagens subliminares, letras de canções, enxertos de autoajuda, conselhos, dicas, receitas, etc, etc, etc, apenas partilhar o resumo do resumo do resumo... Ufa... que já é o suficiente!
              Nesse único e inesquecível dia, pontualmente às 04:04 da alvorada, consegui navegar até o formidável Japão e tirar dúvidas acerca de um programa específico de computador. Felicidade plena! Quatro horas adiante o completo desânimo se apossou da minha alma, quando a impressora sem explicação alguma trancou bem na metade das centenas de folhas a imprimir, o que me levou logo na sequência a estar mega atrasada no serviço. Então resolvi fazer “a boa ação do dia” para uma colega de departamento, descascando seu maior abacaxi. Tudo ok e novamente outro momento de suprema alegria! Instantes depois, outra colega (tri bacana tirando a lambança a seguir) na maior vacilada, derruba erva mate em cima de documentos de minha inteira responsabilidade. Tensão total, quase desespero. Oh Meu Deus! Oh Meu Deus! (Pausa para o almoço.)
              No início da tarde nossa equipe recebendo uma menção de reconhecimento por um projeto a nível estadual importantíssimo recém-finalizado e aprovado com êxito. Contentamento geral! No final da tarde uma amiga de infância me liga dizendo que está se divorciando em definitivo e precisa de um ombro ao longo da semana pra chorar... Tristeza minha em particular! Final do expediente. Farmácia. Supermercado. Jornais atrasados pra ler. E-mails a responder. Resto de pizza de atum pra esquentar e comer...
              E quando você pensa que teve um dia cheio, maluco, oscilante entre alegrias e decepções, que precisa urgentemente reconectar o corpo, o cérebro e o espírito no mesmo organismo vivo que seu esqueleto alquebrado carrega há séculos, “seu cachorro amado” desenterra o osso mais sujo do quintal, provavelmente do período Jurássico da Terra e joga no seu colo (e roupa limpa) pra repartir com você, em troca de um carinho na barriga. Mas enfim... é assim que quero envelhecer, com saúde, com rugas, cabelos brancos, meio maluquinha talvez. Tri (re) carregada (marcada) de experiências de todo tipo e meu “Precious Pupp,” leia-se Xodó da Vovó, repartindo comigo seu maior osso preferido. Como escreveu Albert Camus (1913-1960) o que eu considero meu lema: “A grandeza de um homem consiste em ser maior do que a sua própria condição humana.” 

Régis Mubarak