No filme Vanilla Sky (EUA 2000),
cujo original espanhol se chama “Abra los
Ojos” de Alejandro Amenábar, o
personagem de Tom Cruise numa vacilada sem precedentes, muda o destino de
muitas pessoas, apartir de uma decisão errada num ponto sem retorno. O filme
delirante em vários aspectos apresenta final aterrador. A vacilada, o minuto de
bobeira, aquele “x” da questão, o passo em falso que modifica tudo em segundos,
é a virada dessa história. E de milhares de outras, que não foram roteirizadas
para o cinema, mas poderiam ser. Quando a gente cresce (e amadurece), situações
cada vez mais complexas, nos forçam assumir pesadas responsabilidades por nós
mesmos e pelos outros. E isso de certo modo, independente da profissão que exercemos,
nos assusta. Talvez em virtude do preço que se paga, quando não fazemos
escolhas sensatas. E nem me refiro ao estágio mais avançado: o drama de
consciência ou contas abertas: débitos e créditos. Nossas possíveis
reencarnações. Carmas e Dharmas. Enfim. Há um livro da escritora Lya Luft,
intitulado “Perdas e Ganhos,” que deveria
ser leitura obrigatória a todo indivíduo que atingisse a maioridade.
No documentário “Quem somos nós” (EUA 2005), a atriz
Marlee Matlin (que é deficiente auditiva) nos conduz a uma viagem (de múltiplas
possibilidades) por dentro do cérebro (e pensamento) humano. Trata-se de um
trabalho sobre física quântica, (não se assuste), explicando temas fascinantes,
nos mínimos detalhes para nós, leigos no mundo das ciências. Claro que você
pode ao invés de assisti-lo, comprar um exemplar da Super Interessante (que de
fato é super interessante) ou da Scientific American nas bancas. Selecionar
programas especiais do Discovery Channel ou dedicar duas horas do próximo final
de semana, digitando perguntas no seu portal preferido na Internet e se sentir
plenamente satisfeito, com o resultado alcançado. Ou não fazer nada disso.
Afinal, o livre arbítrio de acesso ao conhecimento, é direito seu e assunto
encerrado.
Acontece, que as respostas às
questões que mais nos intrigam (ou angustiam), estão dentro de nós. É uma busca
profundamente solitária e individual. Um caminho difícil a ser trilhado. Uma
jornada de autoconhecimento (e revelação) que começa com o 1º e decisivo passo:
“O conhece-te a ti mesmo” do filósofo Sócrates, que nos foi ensinado lá na 7º
série e não prestamos atenção, porque fazer aviãozinho de papel e colar goma no
cabelo das meninas era muito mais excitante! Quando você percebe o universo de
possibilidades existente a seu redor, momentos de extrema dificuldade passam a
ter novo significado. Não é que você não vai mais vacilar. Se enganar. Ou
cometer erros. O que muda depois de prestarmos atenção aquela luzinha interior
– “um
instante
piscante” – por nós até aqui inexplorada; é que a quantidade de
acertos, lentamente começa a suplantar as decisões equivocadas. Nossa
insegurança. Nosso medo do desconhecido. E de nós mesmos. E sem precisarmos
recorrer ao álcool, drogas ou qualquer ritual de bruxaria moderno, degustando
cogumelos alucinógenos, infusão de ayahuasca ou incluindo a participação
especial do sapo cururu!
Nosso cérebro é mais poderoso do
que se imagina. Nosso coração também. Interligando todas as forças, aquilo que
para muitos parece sorte ou milagres, passa a ser a energia atômica (vital) de
transformação e crescimento da nossa consciência, que já está interligada ao
TODO. Nesse universo de possibilidades infinitas somos muitos e somos um só.
Todos conectados. Porque nossa origem, e a dos minerais, animais e vegetais,
provêm de uma única fonte da criação. E nossa vida começa a mudar seu próprio
sentido, quando descobrimos definitivamente quem afinal de contas somos nós
neste mundo...
Régis Mubarak