O avanço
tecnológico impele o homem a dar saltos ao invés de passos. Usufruindo de
modernos meios de comunicação ficamos perto dos que estão longe. Num sentido
inverno, nos tornamos ausentes, aos que estão bem ao nosso alcance. Não é um
paradoxo. Nem questão filosófica ou problema insolúvel, a exigir-nos profundos
estudos metafísicos. Trata-se apenas de um defeito em nosso comportamento.
Observe seu cachorro de
estimação, também poder ser o gato. Em casa, ele não lhe recebe eufórico,
emitindo sinais de contentamento explícito? Abanando o rabo em demonstração de
afeto; esperado uma massagem nas costas, um tapinha na cabeça, “um olá
amigão” vindo do fundo do coração? Esqueça a cotação da bolsa de valores, a
alta da gasolina, o péssimo atendimento da operadora de celular, um chefe
tirano, um colega insano ou um vizinho reptiliano que bate à porta,
intencionado a nos enredar em algum tipo de confusão. Seu amigão estará sempre
ali... todo santo dia com aquele olhar pidão!
Você acredita que cachorro tem
alma? E que ela evolui? Amigos meus, de matizes budistas, hinduístas e
kardecistas, foram fundo em questões desse tipo. Não seja sectário, em função
da sua vertente religiosa; pense um pouco. Afinal “religião é religação com o TODO,” do qual andamos meio separados
ultimamente. Ou você acha que quem fomenta as guerras, procede em nome de DEUS?
Além do que; a questão também não é o tamanho da nossa Fé, medida ou
escancarada aos berros em qualquer esquina, mas sim como nos comportamos em
relação a essa Fé. Ações e boas ações efetivadas. Ideias brilhantes para salvar
o mundo, ora... qualquer um pode ter qualquer dia da semana! Coragem,
persistência, concretização é que são “os outros quinhentos.” Será que estamos
realmente fazendo a nossa parte?
A tecnologia melhorou e muito
nosso ambiente de trabalho. Torná-la ferramenta escolar, também é
indispensável. No encurtamento das distâncias, dispensam-se comentários. No
entanto, nenhuma espécie de comunicação eletrônica, substituirá o bom e velho
abraço, um sorriso acolhedor, um carinho sincero, um “Eu te amo.” É preciso
tocar em quem está perto com o coração. Acreditar se o seu cachorro é ou não
digno de uma alma evolutiva, na cadeia existencial dos seres, fica a seu
critério. Mas eu e você possuímos uma. E evoluímos, ainda que às vezes façamos
determinadas bobagens, que dá a falsa impressão de estarmos andando para trás!
Se você sente dificuldades em externar seus sentimentos, comece rolando na
grama com o “seu Totó.” Depois passe ao segundo estágio: sendo gentil com o
próximo, desejando-lhe “um bom dia ou uma boa tarde,” verdadeiramente
com essa intenção. Independente de o céu estar cinzento lá fora, há um monte de
gente, esperando ansiosa, a sua vez na fila do carinho. E quanto aos nossos
filhos, eles mereceriam atenção 24 horas ininterruptas; se fosse possível, como
não é, leia historinhas, tome sorvete, jogue bola, aprenda a tocar violão e a
cantar. Brinque até cansar cada ossinho do velho esqueleto multiplicando por
dez os momentos felizes.
Sinceramente... eu acredito que
cachorro tem alma. E gato, papagaio, bicho-preguiça, golfinho e elefante
também. É que eu estava pensando naquelas datas difíceis de conviver e fáceis
em suscitar lembranças dos que se foram. Porque num dia qualquer da semana, um
de nós pode não estar mais tão perto assim, daqueles que amamos. Acontece num
piscar de olhos e aí amigo, não haverá Windows ou Linux, tecnologia GSM ou GPS
a nosso alcance, e dizer “Eu te amo,” tornar-se-á praticamente impossível. É
que sentir saudade é muito ruim. E quando deixamos pendências ou feridas
abertas... a dor parece-nos insuportável!