domingo, 22 de dezembro de 2019

Jaime Giolo: A educação redefinirá o futuro do Brasil.



                  Jaime Giolo: A educação redefinirá o futuro do Brasil.                 



Por Régis Mubarak *



Recentemente o Professor Jaime Giolo, ex-Reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul, que é Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC de São Paulo, Doutor em História e Filosofia pela USP e Pós Doutor em Ensino Superior Brasileiro pela UNICAMP, foi um dos principais palestrantes da III MEDUC – Mostra em Educação e Pesquisa - realizada pela Universidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Professor Giolo como carinhosamente é tratado por seus alunos e ex-alunos, graduou-se em Filosofia pela própria UPF onde também exerceu o magistério superior por mais de duas décadas, antes de ingressar nos quadros da UFFS no ano de 2009. Valendo-se de riquíssimo material ilustrativo, oriundo de suas incessantes pesquisas e expondo dados estatísticos preocupantes no que concerne ao atual panorama da Educação Brasileira, Professor Giolo também utilizou-se de algumas metáforas extremamente criativas para suavizar a seriedade do tema que lhe fora proposto. Além de revelar-se envolvente orador ao melhor estilo “Leonel de Moura Brizola” cativando a plateia,  fato esse, que já tínhamos constatado em apresentações anteriores como em Chapecó por exemplo, que é a cidade catarinense onde está localizada a sede da Universidade Federal da Fronteira Sul. Jovem universidade que em setembro de 2019 comemorou seu aniversário de 10 anos de existência e conta com campus nas cidades de Laranjeiras do Sul e Realeza no Estado do Paraná e nas cidades de Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo no Rio Grande do Sul.



RM - O tema da III MEDUC desse ano foi “Obscurantismo Educacional” – O papel da pesquisa na formação dos sujeitos – com tua vasta experiência em sala de aula e também fora dela, tu nos diria que “ser Professor” é sobretudo “um ato de coragem” nesses tempos turbulentos e exige sobrecarga extra de sacrifícios, na travessia desse mar revolto de incertezas, quanto ao futuro não somente da educação mas também da própria soberania brasileira?

JG - Sim, pode ser. Embora eu não usaria a expressão “ato de coragem”, porque a atividade docente é muito significativa e não se vai a ela por um ato de coragem mas por uma escolha. Entretanto, há um contexto muito difícil para a educação brasileira, especialmente para a educação pública estadual (estou falando do Rio Grande do Sul). Nesse caso, sob o aspecto da luta política em defesa dos direitos do professor, sim, é preciso uma boa dose de coragem e determinação para fazer a necessária luta política.

RM - No início de novembro em Chapecó, a convite do Sinduffs – Seção Sindical dos Docentes da UFFS – tu foi enfático ao afirmar que “o problema do financiamento da educação pública está na EC 95,” a emenda constitucional do teto dos gastos públicos, que limita os investimentos em educação por 20 anos e “que partes da sociedade parece não entender ou finge não entender a catástrofe que se avizinha,” como consequência dessa famigerada EC. Acreditas Professor Giolo que conseguiremos reverter esse quadro a tempo de não afetar negativamente as próximas gerações?

JG - A Emenda Constitucional 95 foi um ato bárbaro realizado pelo Golpe. Sua natureza é maléfica sob todos os pontos de vista. Ostentando a tese falsa de que o Estado é enorme, se fez essa camisa de ferro para reduzir o tamanho do Estado, mirando, de modo especial, os setores que executam as políticas públicas mais importantes. O Estado não é grande para o tamanho do país e para as necessidades dos serviços públicos. Praticamente todos os países melhor colocados no cenário mundial, têm um Estado mais representativo do que o Estado Brasileiro (de todos os trabalhadores brasileiros, 12% são servidores públicos; a média da OCDE é de 21%). Os proponentes da EC 95 enganaram o Congresso Nacional que votou uma matéria sem compreendê-la. Agora apareceu a conta a ser paga. É de se esperar que se crie um movimento amplo para acabar com ela. Por ora, entretanto, todos os sacrifícios estão sendo jogados sobre os servidores públicos, aposentados e destinatários das políticas sociais. O mercado financeiro ficou isento de qualquer participação nesse programa de austeridade. A camisa de ferro não pesa sobre o corpo das despesas financeiras da União; apenas sobre as despesas primárias. Uma catástrofe.



RM - No teu artigo “Educação a Distância no Brasil: a expansão vertiginosa” em abril de 2018, tu já demonstra clara preocupação com o avanço desenfreado e a péssima qualidade da educação a distância no país. É um artigo minucioso, baseando-se em dados estatísticos compilados do próprio MEC e do INEP.  Nele tu afirmas que “o estado brasileiro foi incapaz de conduzir o processo de expansão da educação a distância com o mínimo de controle e direcionamento, deixando que se construísse, por obra de iniciativas particulares, um “Titanic” que, agora está desgovernado e ingovernável. No final do artigo destacas que “são necessárias muitas luzes para enxergar longe e profundo.” No atual estágio acrescentarias algo que ficou de fora dessa tua análise tão bem apurada?

JG - O panorama só se agravou. A EAD já ultrapassou os dois milhões de matrículas. Em alguns cursos, como pedagogia, serviço social e tecnológicos da área de administração, as matrículas a distância ultrapassam de longe as matrículas presenciais. No Estado de Santa Catarina, considerando o total dos cursos, independente da área, o percentual de matrículas a distância é superior ao das matrículas presenciais. E ocorre que as matrículas a distância crescem sobre o encolhimento das matrículas presenciais. A sala de aula está sendo desertificada, incluindo salas de aulas de instituições públicas, para determinados cursos. Isso definitivamente não é bom para o país. Ainda pagaremos um preço elevado por essa aventura. E está cada vez mais difícil de pôr um freio nessa corrida mercantilista, por causa da força econômica e política dos grandes conglomerados que ofertam a EAD.



RM - Lendo teu trabalho mais recente intitulado “O Future-se sem Futuro” e compartilhando com profissionais do jornalismo na troca de impressões, pontuamos o brilhantismo desse artigo, que é extremamente acessível a todas as pessoas, mesmo aquelas que não estão inseridas no mundo acadêmico e às vezes sentem certas dificuldades em compreender textos mais complexos, acabando lastimavelmente por abandonar a leitura no meio do caminho. Logo na apresentação tu escreves que “nesse sentido, o caráter do trabalho é sobressaliente, embora também haja um esforço analítico nada desprezível.” Considerando que tua parte analítica é sim, imprescindível, fique à vontade para falar sobre: “O Future-se sem Futuro.” (Ao final dessa entrevista acrescentaremos o link que leva ao artigo completo do Professor Doutor Jaime Giolo na Plataforma ResearchGate.)

JG - O programa Future-se é uma iniciativa grotesca e mal intencionada do MEC. Grotesca porque mal elaborada (um primarismo sem tamanho) e mal intencionada porque afronta dispositivos constitucionais (autonomia e financiamento público das instituições oficiais) com o intuito de emparedar os IFES* e, nelas, privatizar tudo o que for possível. Fiz um esforço para demonstrar o mal que esse programa, se implantado, causará à educação pública federal. A motivação que gerou esse projeto não é apenas de ordem orçamentária (reduzir o tamanho do MEC para caber na camisa de ferro da EC 95); é também de ordem política e ideológica. O governo patrocina uma campanha difamatória contra as universidades federais, considerando-as o lócus principal de elaboração e disseminação do chamado "marxismo cultural”. É claro que essa teoria da conspiração é uma sandice, mas ela está involucrando uma tendência de colocar as universidades e institutos federais sob o pano sombrio da censura e da perseguição ideológica.  (IFES*-  Institutos Federais de Educação Superior)

 

RM - Ainda no tocante ao teu artigo “O Future-se sem Futuro” lê-se que (...) “uma sociedade formada apenas de empreendedores, se fosse possível, seria uma sociedade infeliz. Mas ela não é possível, porque um corpo social se estrutura muito mais em função de práticas cooperativas e solidárias do que de práticas competitivas e individualistas. Por isso, o sistema escolar não pode se concentrar na consecução e, sobretudo, sob pena de jogar a juventude no vale sombrio da frustração e do abatimento.” (O Ministro da Educação Abraham Weintraub que se considera um especialista em startups e militante da causa reconheceu perante os deputados da Comissão de Finanças e Tributação que há uma margem gigantesca de fracasso nesse modelo a ser implantado.) Eis que o saudoso Professor e Antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) ao afirmar que “a crise da educação no Brasil não é uma crise, é projeto” de certo modo foi um visionário dessa realidade distópica que nos sufoca parcialmente?

JG - Sim, Darcy Ribeiro tinha razão. A crise da educação é, em grande parte, criada para, nas trevas que surgem dessa crise, executar políticas elitistas discriminatórias. A educação, nos últimos anos, tinha adquirido uma força extraordinária e uma representativa imensa. Foi feita uma enorme expansão, aliada à descentralização e à democratização. A inclusão social abriu perspectivas alvissareiras para as classes populares. É contra isso que se abate a atual avalanche demolidora. É, de fato, um projeto de destruição das políticas socais que está em curso. Isso quer dizer que estamos tomando o caminho de retorno a uma sociedade estratificada e segregacionista.



RM - Poderias nos falar Professor Jaime Giolo, sobre tua participação ainda a frente da Reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul, em Córdoba na Argentina na III CRES: Conferência Regional de Educação Superior para a América Latina e Caribe realizada em junho de 2018? Resumidamente qual tua avaliação daquele momento tão especial da educação latino americana e os projetos ali delineados, antes obviamente de mirarmos no horizonte essa série de conflitos, que seriam deflagrados em países irmãos como o Equador, o Chile e a Bolívia?

JG - A América Latina sempre serviu a interesses externos poderosíssimos, inclusive, com o poder de manter as elites locais atreladas a seus ditames. Os movimentos de cunho popular e nacionalistas criam sucessivas tentativas de ganhar protagonismo, mas são sistematicamente ceifados, seja qual for a roupagem que vestem. A nova onda de golpes que está se alastrando pela América Latina nada mais é do que uma reação voraz dos poderosos contra a tentativa de protagonismo dos pobres do continente. O movimento de reforma universitária de Córdoba de 1918 foi um momento de afirmação dos ideais democráticos e populares. Seus efeitos, embora significativos, foram quase sempre controlados pelas elites locais comandadas por potências externas. Na celebração dos 100 anos do movimento, se pôde perceber o temor daqueles que compreendem a educação como um bem público e, portanto, como um direito, em face do processo avassalador da mercantilização da educação, que afirma a educação como um privilégio e um bem negociável. Os mercantilistas não estavam lá, mas era possível sentir o fragor do seu tropel atropelando tudo.




RM - No vídeo “Eles sabem do que estão falando” para a ANDIFES - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior - no mês de maio do corrente ano tu relatou a importância fundamental da Universidade Federal da Fronteira Sul junto as comunidades nas quais está inserida. Lembro que no dia da nomeação pelo então Ministro da Educação Fernando Haddad, como Vice Reitor ao lado do Professor Dilvo Ristoff, (o primeiro Reitor da UFFS) tu destacava bastante emocionado “o enorme desafio” que seria “reger um concerto de tamanhas proporções, com base numa partitura não completamente escrita.” Foi uma experiência magnífica sem sombra de dúvidas que talvez possa se repetir num futuro nem tão distante?

JG - Sim. Foi uma experiência fundamental. Em menos de dez anos, conseguimos implantar uma universidade grande, corajosa e inquieta. A importância se localiza num conjunto de dimensões complementares: o lugar (os extremos opostos das capitais dos três estados da Região Sul), a concentração de competência científica e técnica (é a maior concentração de pessoas tituladas na região de abrangência), a representatividade social (as cotas dão efetivamente oportunidade aos segmentos populares), a participação da comunidade regional, a estrutura material (mais de cinquenta obras de engenharia, mais de duas centenas de laboratórios, seis campi completos e funcionando), etc. Quando a educação é prioridade, as coisas acontecem.

                                                            


RM - Ao assistirmos o vídeo institucional “UFFS Vista do Alto” não somente apreciamos imagens encantadoras de todos os campus da Universidade Federal da Fronteira Sul, como nos deparamos com “uma grandiosidade” que nos envolve e nos emociona por completo. Consolidada, as primeiras sementes plantadas já germinaram dando excelentes frutos.  Tendo exercido o comando da UFFS, primeiramente como Vice Reitor e posteriormente como Reitor em dois mandatos consecutivos, que momentos especiais guardas na memória e poderia destacar que marcaram profundamente esses 10 anos?

JG - Pretendo escrever, pausadamente, essa experiência. Terei oportunidade, portanto de relatar e refletir sobre tudo o que foi realizado. Não o farei aqui porque, para isso, são necessárias centenas de páginas. Prefiro, então, registrar e lamentar aquilo que não foi possível realizar por causa da mudança dos ventos da política. Estávamos elaborando um projeto de expansão institucional com a implantação de novos campi, incluindo um campus indígena e um instituto missioneiro de arte e cultura. Não foi possível. Uma pena.




RM - Obviamente que o Reitor e o Vice, no caso o Professor Antonio Inácio Andrioli (Pós-Doutor em Sociologia pela Universidade Johannes Kepler de Linz/Áustria) que esteve ao teu lado incansavelmente esses anos todos, foram os personagens de maior visibilidade dentro de toda a equipe, tanto nos bons quanto nos maus momentos enfrentados. Mas em meio ao excesso de responsabilidades e até excesso de burocracias, que conselhos tu darias para jovens e novos gestores e gestoras, como administrar equipes onde o índice “de neurônios fervilhantes” “pensamentos discordantes” e “ideias brilhantes” são a regra e não a exceção? E fazer com que “a teoria” se torne a prática constante e “a prática” não se distancie dos valores teóricos relevantes?

JG - Já tive a oportunidade de explicitar vários dos princípios basilares que devem orientar a prática do gestor público. Apenas cito alguns:

1. O cargo público não está para ser usufruído, mas exercido.

2. A instituição é um bem público e não particular.

3. A democracia avança em torno de um ponto médio.

4. Administração pública exige ousadia, mas não dispensa a prudência.

5. O cargo público requer zelo, mas não apego.




RM - Por falta de espaço deixaremos de citar o impressionante “Currículo Lates” do Professor Doutor Jaime Giolo, contudo vale ressaltar aqui que ele foi coordenador geral de estatísticas da educação superior (2005-2006) e coordenador geral de avaliação institucional e dos cursos de graduação (2006-2007) do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Se não tivesse construído essa invejável carreira no campo da Educação Superior em que outra profissão Professor Giolo tu te imaginarias sendo bem sucedido? E quais são as personalidades brasileiras ou estrangeiras que tens como referencial de admiração e respeito na tua estante de trabalho?

JG - Eu poderia ter seguido muitas carreiras e, por certo, teria encontrado sentido e realização. Mas a vida dá poucas possibilidades de escolha para quem nasce de família pobre. Nesse caso, você tem de optar por aquilo que a vida lhe apresenta e, dessa forma, enfileirar suas opções, pacientemente, uma coisa depois da outra, à medida que as situações se descortinam à sua frente. O segredo está em fazer cada coisa da melhor forma possível, com dedicação e zelo. Desse jeito se extrai o sentido da atividade e a realização pessoal. Já me imaginei trabalhando em oficina mecânica e em fábrica de móveis de madeira. No terreno acadêmico, se me fora dada a possibilidade, teria abraçado, com gosto, o caminho da matemática, da física, da computação, do direito, etc. Se eu tiver sete vidas, farei tudo isso. As personalidades de referência são muitas. Minha biblioteca é enorme e não saberia dizer quem é mais importante, porque, de fato, recebi inspiração larga e profunda de muita gente. De qualquer maneira, no terreno da teoria social, minhas referências são sempre de esquerda. Nas outras áreas, intelectuais e cientistas racionalistas e evolucionistas.




RM - E quais serão tuas atividades a partir de 2020 na UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul – campus Passo Fundo junto ao curso de Medicina? (O Professor Jaime Giolo exerceu o cargo de Vice Reitor de 2009 à 2011 tendo à frente o Professor Dilvo Ristoff, o primeiro Reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul em Gestão Pró Tempore. Em 2011 Professor Giolo assumiu a Reitoria, juntamente com o Professor Antonio Inácio Andrioli, seu Vice para os anos de 2011 à 2015. E ambos seriam eleitos através de expressiva votação para o período de 2015 à 2019. )

JG - Estou preparando aulas. Vou entrar, com alegria na sala de aula. Tenho muitas coisas para escrever, incluindo algumas epopeias em verso.  Participarei de eventos intelectuais na medida do possível. Serei chamado para palestras e bancas. Farei o que estiver ao meu alcance. Isso já é bastante, pois pretendo também saborear as amizades e as tertúlias.  




RM - Passo Fundo, para quem não sabe é “A Capital Nacional da Literatura” e vem se destacando no cenário nacional numa nova modalidade conhecida como “turismo de negócios” com eventos, exposições e seminários nas mais diversas áreas do conhecimento, do agro negócio ao mundo das tecnologias. Aliás... quais livros estivestes lendo nos últimos meses e recomendaria aos nossos leitores? Ahhh sim... “soubemos por fontes extraoficiais” que tens originais escondidos em gavetas esperando para serem publicados. Quem sabe muito em breve não teremos algumas novidades no campo da escrita acadêmica ou literária Professor Jaime Giolo?

JG - Estou lendo muitas obras, inclusive, para preparar as aulas. Recomendo: “Para uma crítica da razão bioética”, de Lucien Sève; “A assustadora história da maldade”, Oliver Thompson; “A elite do atraso”, de Jessé Souza; “Científica: o guia completo do mundo da ciência”, de VV.AA; e “Como funciona a mente”, de Steven Pinker. Estou, de fato, trabalhando em dois livros que estavam na gaveta, empoeirados. Estão dando mais trabalho do que imaginava.




RM - Eis que o Professor Jaime Giolo, nascido no município de Vila Maria (RS), simpática cidadezinha de pouco mais de 4.400 habitantes, repleta de belezas naturais que é considerada “A Capital Regional do turismo de Aventura,” na região da Produção, que fica a 260 kms da capital gaúcha Porto Alegre é também profundo conhecedor (entre tantas obras de artistas da cultura rio-grandense), do trabalho sem comparação do payador e poeta Jayme Caetano Braun (1924-1999) e do cantor Noel Guarany (1941-1998) e também de Dom Pedro Ortaça (1942-).  E então poderia nos contar quando surgiu essa paixão pela cultura missioneira? 

JG - Desde que o primeiro rádio de pilha apareceu na nossa casa, no início dos anos 80, a cultura musical do Rio Grande do Sul passou a fazer parte da minha vida. O lazer cultural naquele tempo se resumia a ouvir programas de rádio. Ainda, hoje, embora mais eclético, meu universo musical dá predileção à música regional, do estilo missioneiro. Li grande parte da literatura feita no Rio Grande do Sul, sendo Érico Veríssimo o escritor mais frequentado. Na poesia, Jayme Caetano Braun, Luiz Menezes e Apparício Silva Rillo.



RM - E não poderíamos encerrar essa entrevista sem deixar de contar que o Professor Jaime Giolo é torcedor fiel do Internacional de Porto Alegre. E tem mais: basta procurar sorrateiramente nas redes sociais, de amigos íntimos, que vídeos caseiros nos revelam interpretações magistrais de clássicos da música do estado do Rio Grande do Sul: Albino Manique e os Mirins, Os Monarcas, José Mendes, Teixeirinha e por aí afora. Eis que “A gaita velha que veio da Bossoroca vejam só como ela toca, vejam só como ela toca. E essa gaita ronca mais do que tatu dentro da toca” já é bastante conhecida, só que recentemente temos “uma gaita nova” uma Paolo Soprani original que veio da Itália. Um sonho de gaita! Um sonho!

JG - O acordeom é meu instrumento predileto. Entretanto, não sou gaiteiro; apenas faço barulho. (Risos.) O suficiente para animar tertúlias despretensiosas. Faltando gaiteiro, todavia, sobram gaitas, especialmente uma Paolo Soprani, cromática, do Sistema B, com 120 baixos, duplo cassoto e 15 registros reais. 


Então para quem quiser contratar “o gaiteiro Giolo ali das bandas de Passo Fundo tchê” para uma apresentação “não se acanhe.” Acreditamos que “não cobrará muito caro” pelo cachê. (Risos.) Tocará incluso por uma “picanha bem passada” com certeza, por uma garrafa de vinho tinto da serra gaúcha ou talvez, por um legítimo malbec tinto argentino safra 2013. Quanto as demais especificações do contrato a ser negociado para “o tal entrevero” podemos afirmar com absoluta precisão, que passam antes por “uma boa prosa espichada” num final de domingo junto a um mate bem cevado. E também garantimos além da boa música, a descontração e a alegria que essas tertúlias proporcionam aos amigos, elevando a alma e renovando as energias para continuar “a peleia” na construção de um Brasil mais igualitário e justo para todos nós!



Régis Mubarak *

Jornalista

Mendoza – Argentina & Rio Grande do Sul – Brasil

Dezembro 2019



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=== O artigo completo “Future-se sem Futuro” do Professor Jaime Giolo, publicado em dezembro de 2019, está disponível para leitura, pesquisa e download em ResearchGate – plataforma voltada a profissionais da área de ciência e pesquisadores – acessando em:



=== Os demais artigos escritos pelo Professor Jaime Giolo, em datas anteriores a dezembro de 2019, também estão disponíveis para leitura,  pesquisa e download na Plataforma ResearchGate, basta acessar a página oficial em:


=== No dia 12.12.19 o Ministério da Educação juntamente com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - fez a divulgação do Índice Geral de Cursos (IGC), que analisa a qualidade geral da instituição de ensino superior em uma escala de 1 a 5. Universidades na faixa de 1 e 2 são consideradas abaixo do esperado e o índice 3 equivale a um resultado satisfatório. Já os conceitos 4 e 5 estão acima da média. A UFFS  novamente alcançou excelentes resultados. Os dados oficiais do MEC e do INEP do IGC 2018 estão disponíveis em:


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