Não raro já
atravessei madrugadas respondendo a e-mails, findando trabalhos acadêmicos ou
trocando informações essenciais com grupos de pesquisas dos quais faço parte. E
assistindo ao que meus amigos virtuais me remetem nas redes sociais nas quais
me inscrevi. Entretanto restringi drasticamente minha participação
essencialmente a redes e grupos específicos, que julgo úteis para minha
formação intelectual, acadêmica e científica. Não é arrogância. É que também existe
vida pulsante fora da internet. Coisas como jogar vôlei, pescar, dançar, assistir
filmes, ler, rolar na grama com os cachorros, se fingir de monstro do pântano
com meus sobrinhos e o mais tri: namorar.
Mas pode se esquecer
de me convidar para selfies do prato de comida, das caminhadas até ali a
esquina e “de sei lá o quê” depois da ponte! Tem situação, ocasião,
circunstância que não dá para fotografar. O que vale é saborear, tocar, morder,
lamber, curtir, guardar na memória. Simples assim! E existem momentos especiais,
momentos íntimos que ninguém precisa saber, além de ti e da outra pessoa
envolvida. Postar tudo na internet beira a insanidade! Já escrevi isso em “Self, Selfie e Salve-se quem puder” que Eywa, para os
gregos Gaia a Mãe Terra, ficaria imensamente feliz se você fosse “mais self e menos selfies!” E estudasse
Sócrates e Carl Jung também!
Aliás sobre as redes
sociais, seu poder, sua influência e como as pessoas se perdem totalmente dentro
desses emaranhados de teias, foi meu tema de conclusão no curso de Marketing.
Fiz uma pesquisa tão profunda, abrangente e intensa que acabei por assinar embaixo
sem ressalvas as afirmativas do saudoso filósofo e escritor italiano Umberto
Eco (1932-2016) (...) “...o
drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia o portador da verdade.”
(...) “...e as redes sociais deram voz à legião de imbecis.” Concluído a pesquisa,
dispondo de dados estatísticos específicos para chegar a análises conclusivas saltei
fora “de quase todos os buracos onde havia me enfiado,” porque mais de 80% era
pura perda de tempo, energia e inteligência. Entretanto confesso o mais decepcionante:
“encontrar amigos reais” metidos em discussões fúteis, defendendo posições
reacionárias em chats ou até pior, agredindo verbalmente outras pessoas, pelo
simples fato de discordarem do seu ponto de vista, quando no mundo real, aos
olhos da comunidade ao qual estão inseridos passam ilibada imagem de decência, educação
e ética! Até hoje não me recuperei desse tremendo choque!
Como já escrevi em outro texto: “Uma história, muitas versões,” não faço
nenhum tipo de julgamento, de quem quer que seja. Há origem para tudo,
explicação para tudo, resultado para tudo. Ação e reação e suas múltiplas
consequências. Não tenho complexo de vira-latas, de que somos pulguentos e
incapazes de nos tornarmos senhores do nosso destino. Ao contrário, somos senhores
do nosso destino, do tempo, da história e da nossa existência e podemos nos
reconstruir um pouquinho a cada dia, com “muito suor, sangue e lágrimas.” Aliás,
puxando de outro texto que escrevi: “Morgan
Freeman e eu” a célebre frase de John Kennedy (1917-1963) “Perdoe seus inimigos, mas jamais esqueça o nome deles,” confesso ter um nojinho
básico de algumas criaturas, mas nem por isso saio de “bodoque na mão atirando bolinha de mamona” nas orelhas dos
cretinos, “porque quem é ruim” como
diz o velho ditado popular, “se arruína
sozinho!”
Em alguns quesitos também estou
num estágio embrionário da evolução da espécie, cheia de erros, fazendo lambanças
e volta e meia escorregando na casca de banana. Não me enquadro no personagem
puro, inocente e sem defeitos, então jamais atirarei pedras em alguém, a menos
é lógico, que tenha me atirado primeiro. Ou entrarei numa rixa desnecessária, a
menos que seja para salvar a minha vida ou a vida do meu melhor (atual) amigo,
que aliás, também possui gotas de sangue árabe, indígena e espanhol, e paga (assim
como eu) fortuna incalculável para não entrar “na peleja,” mas caso seja
forçado, só encerrará o duelo com cadáver estirado ao chão! Ou seja: depois de
atravessar o fígado e o coração do desafeto com o florete da legítima esgrima!
Para arrematar cito o
incomparável escritor Ariano Suassuna (1927-2014) deixando derreter toda a minha
paixão proporcional a sua estonteante lucidez: (...) “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a
morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de
viver.” E sigo inebriada: (...) “...Não
sou um otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas
amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sei que é para
um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar
justiça pelo mundo todo.”
São tempos difíceis e estamos
navegando em águas turbulentas. São tempos complexos e estamos divagando mais
do que meditando. São tempos assustadores, mas imprescindíveis para um novo
tempo que virá a seguir! O que dizer e o que não dizer numa hora dessas? Mais
do que achaques, ataques virulentos, verborragia excessiva, xingamentos é
preciso se conectar com seu eu interior e meditar sobre a sua própria
existência útil ou inútil. Se conectar com milhões de neurônios, incluso os
adormecidos que ainda não foram realmente aproveitados e agir! Agir em prol da
coletividade, com objetivos sólidos. Um por todos e todos por um! Diga não a qualquer
tipo de Guerra!
Porque também esses são tempos
fascinantes! Viscerais. Apaixonantes. Um momento único de total crescimento,
evolução, mudança de frequência, um verdadeiro salto quântico. Caminhos.
Revelações. Transformações. O hiperespaço, a internet, as redes sociais e todos
os meios de comunicação, e “novos meios
que estão prestes a serem revelados,”
são como ouro e pedras de diamantes para quem sabe garimpar o conhecimento inesgotável
disponível em todas as suas esferas. Mas pura dinamite, artefato explosivo para
quem se perde entre os caminhos e descaminhos, sendo seduzido (e abduzido) pela
exposição desnecessária, pelo excesso de narcisismo, hedonismo e outras faces
da desconstrução do caráter, da personalidade, da ética ou da sua falta.
A tecnologia apenas é a
ferramenta mais moderna “inventada.” Ou poderia colocar da seguinte forma: “nos
cedida” (um tipo de escambo) por raças mais evoluídas, que há séculos fazem
intercâmbio nesse planetinha para ser usada da melhor maneira possível. Mas por
hoje ficaremos “só” com o termo “inventada!” São ferramentas, volto a enfatizar,
instrumentos, meios eficazes de se obter informação sobre tudo e se chegar ao
ápice do conhecimento. Conhecimento eu escrevi! Não confunda com educação,
cultura e sabedoria em hipótese alguma! E é a sua inteligência, seu poder de
decisão e seu desejo de aprender, pesquisar e compartilhar que determinará
quais caminhos serão trilhados. Você é o único senhor do seu destino, porque o
destino nada mais é do que a construção da sua própria história um dia de cada
vez. Sua história escrita por você!
Régis Mubarak *
Graduada Gestão Ambiental/UNOPAR. Especialista Técnica
Gestão Contábil/CNEC, Marketing/SENAC e Saúde Pública PMI/UNASUS. Pesquisadora
AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação. Escreve para Jornais
Impressos na Região Sul e Portais de Notícias da Internet. Também gaúcha,
colorada e viciada em café.*