quinta-feira, 17 de março de 2016

Uma história, muitas versões



              Trata-se de uma piada cuja autoria infelizmente desconheço. Foi em 2011 quando a ouvi pela primeira vez “da boca de um dos Gnomos Mágicos” da Lan House que frequentava e a mencionei no meu texto “Algo que a gente não sabe.” Semana passada novamente deparei-me com essa anedota, dessa vez em uma palestra acadêmica, narrada pela boca de um nobre Sociólogo e Mestre em Comunicação.
              O real valor dessa experiência (reproduzirei a piada a seguir), é que chegou até mim de duas fontes distintas em épocas distintas: por um aprendiz de hacker no auge dos seus 16 anos de existência e por um grande professor no auge dos seus 63 anos de sabedoria, provocando igual resultado: a compreensão da mensagem subentendida nas entrelinhas, aliás, o grande objetivo das piadas, parábolas e charges de um modo geral.
              Ei-la aqui: Dois amigos estavam saindo do jogo da Argentina e Suécia, quando um cão muito feroz veio em direção a um dos garotos e atacou-o. O outro, para ajudar o amigo, voou em cima do cachorro e o matou. Um repórter japonês que assistia a cena começou a anotar. “Jovem sueco salva a vida do amigo de um cão feroz.” O garoto olha em sua direção e diz: - Eu não sou sueco! O repórter pega outra folha e anota então: “Jovem brasileiro salva amigo de ataque canino.” E o garoto responde: - Eu não sou brasileiro! - Então o que você é afinal? Pergunta o repórter japonês – Eu sou argentino! Imediatamente o jornalista saca outra folha e escreve a chamada: “DELINQUENTE ARGENTINO ASSASSINA ADORÁVEL ANIMAL DOMÉSTICO.”
              A piada é deliciosa a nós brasileiros obviamente por ser o último garoto identificado como de nacionalidade argentina, (nossos primos e eternos rivais no campo futebolístico), entretanto permanecendo o cão como vítima, mas substituindo os garotos, por quaisquer outras nacionalidades, o contexto permanecerá irretocável. Contudo é o repórter Japonês que detém “a chave” que modificará a versão dos fatos, (traduzindo: o quarto poder a imprensa e o quinto: as redes/mídias sociais) de como o adorável ou o feroz cão morreu e nas mãos de quem e porque isso aconteceu. A posterior narração (ou descrição) mantendo-se fiel ou adulterando no todo ou em partes o acontecido é que se seguirá extenso caminho, ficando gravado em nossos cérebros como verdadeira.
              Eis que recentemente fiz um trabalho acadêmico abrangente sobre “mídias sociais”, motivo pelo qual fiquei (infelizmente) afastada da escrita literária criativa, tal o volume significativo de dados estatísticos que precisei analisar e graças a isso ou ao resultado conclusivo dessa meticulosa pesquisa, que confesso: passei a corroborar espontaneamente com as afirmativas do filósofo e escritor italiano Umberto Eco (1932-2016) em: (...) “...o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia o portador da verdade.” (...) “...e as redes sociais deram voz à legião de imbecis.” Os meios de comunicação conforme suas tendências despejam-nos informação, contra informação e desinformação a velocidade da luz e nunca tivemos tanto poder enquanto coletividade (ONGs, Associações, Grupos) e seres individuais “pensantes e inteligentes” (redes sociais) e lastimavelmente não estamos sabendo usar “essa força” na sua integralidade.
              Será que não estamos sendo usados como massa de manobra? Gado solto no pasto, engordando para o dia do abate? Já refletiu sobre o Brasil ser maior que o PT, o PSDB ou PMDB e todos os demais partidos (e seus políticos) misturados ou separados? De os militares não estarem dispostos a intervir nesse Governo (ou noutro qualquer) por estarem empenhados em proteger nosso Brasil de ameaças piores do que os nossos (nem tão simples assim) problemas de gerenciamento interno? Acredite: o Brasil dividido ao meio, carregado de ódios, jogando irmão contra irmão, quando devíamos nos unir numa só voz, só fará aumentar aquele “antigo complexo de vira-latas,” de que somos todos pulguentos e sem noção... incapazes de nos tornarmos senhores do nosso destino!


Régis Mubarak

Graduando em Gestão Ambiental - UNOPAR e Saúde Pública – PMI

Especialista Técnico em Gestão Contábil - CNEC e Marketing - SENAC

Pesquisador AVA SARU em Exobiologia e Tecnologia da Informação

Escreve para Jornais Impressos e Portais de Notícias do RS, SC e PR.