Essa não é uma historinha de
muitos mistérios. Aliás, poderíamos até classificar como um causo qualquer, não
fosse o momento presente de estarmos imersos/dispersos nesse período especial
(e frenético) de virada de ano. Mas antes de continuar, preciso fazer uma
ressalva, abrir “um parêntesis” porque em hipótese alguma, este texto está
sendo escrito com o intuito de escárnio ou pilhéria de alguém, mais
especificamente daqueles que “levam tudo isso (já lhes explico melhor), a
sério.”
Na-na-ni-na... esse artigo, cujas
primeiras linhas escrevi em folhas de caderno dentro do ônibus, que me levaria
ao meu destino, poderia ser sobre criatividade. Sobre publicidade e propaganda.
Sobre técnicas de marketing. Simples assim... Não sobre as teorias acadêmicas
do marketing. Ou sobre aqueles mega gênios que nos influenciaram graças as suas
atitudes e criações. (Eis que a criatividade não tem limites e você muito bem
sabe disso: quando “nós” (a sociedade) passamos por períodos de crises,
encontramos soluções brilhantes para problemas que até então pareciam
insolúveis.)
Era uma terça-feira, quando
recebi o primeiro folheto promocional no meio da rua, torrada por um sol de
deserto africano. No decorrer da semana, receberia outros dois pelo correio.
Parabéns pra você que criou essa tal “Oficina da Alma.” O design visual é
bacana e “o questionário de sintomas” uma sacada de mestre. Num momento ou
outro de nossa existência, algo se encaixa perfeitamente. Amor não
correspondido? Angústia? Estresse? Vê vultos? Ouve vozes? Insônia? Desemprego?
E a propaganda: “(...) aproveite os preços promocionais de final de ano, para
descarrego, abertura de caminhos, e banhos especiais para amor, fortuna e
saúde.” Infelizmente não me tornarei sua cliente, mas fiquei confesso,
impressionada: marketing e criatividade é isso!
Não vou divulgar seu telefone,
nome ou e-mail, porque estaria apoiando diretamente seu trabalho. (Vamos
combinar, sessão do descarrego é dose!) Entretanto não estou debochando, já me
antecipei no primeiro parágrafo, porque não se pode desconsiderar o fato de que
se existe oferta, existe procura, se existe demanda a determinados serviços,
existem lacunas a serem preenchidas nesses tempos difíceis.
Porém, há outra questão maior
nessa história que é a fragilidade do ser humano. Nossas angústias, nossos
medos, nossas decepções, nossas tristezas, nossos erros, nossos desejos não
realizados, enfim... e a infelicidade latente, que impele a essa busca meio
insana e totalmente desnecessária por respostas, socorro e auxílio “nos
outros,” quando todas as respostas estão dentro de cada um de nós. E
pouquíssima diferença fará se você é católico, evangélico, umbandista,
muçulmano, espírita, pentecostal, judeu, maçônico, ateu ou mais outras mil
denominações. Esse mundo é ilusório de qualquer maneira e saiba que quase todas
as propagandas, (incluindo as de igrejas e seitas de quinta categoria) são
enganosas, distribuídas fartamente todos os dias de sol escaldante, chuvas
torrenciais, via e-mail, pelo correio e até em sinais de fumaça!
Em breve “novas verdades” serão
abertamente escancaradas. Buda, Cristo, Maomé, Kardec, Shiva e outros grandes
mestres e criadores de universos (sim você leu direitinho: universos), nos
reservam uma surpresa para o final dos tempos e só ficarão de pé, (nem os
escolhidos, nem os escalados, menos ainda os ludibriados), aqueles que tiverem
força, coragem, dignidade e fé suficiente para permanecerem íntegros até o fim,
que não é bem o fim mas sim o recomeço! Ah... e também, antes que me esqueça,
não se iludam amigos, não são as palavras e sim todas as nossas ações
realizadas e gravadas “no chip do nosso cérebro,” que serão escaneadas,
conferidas e pesadas naquela famosa balancinha do bem e do mal naqueles
inesquecíveis dias que estão “quase” chegando...
Régis Mubarak