domingo, 11 de janeiro de 2015

Criatividade, fim e recomeço



              Essa não é uma historinha de muitos mistérios. Aliás, poderíamos até classificar como um causo qualquer, não fosse o momento presente de estarmos imersos/dispersos nesse período especial (e frenético) de virada de ano. Mas antes de continuar, preciso fazer uma ressalva, abrir “um parêntesis” porque em hipótese alguma, este texto está sendo escrito com o intuito de escárnio ou pilhéria de alguém, mais especificamente daqueles que “levam tudo isso (já lhes explico melhor), a sério.”
              Na-na-ni-na... esse artigo, cujas primeiras linhas escrevi em folhas de caderno dentro do ônibus, que me levaria ao meu destino, poderia ser sobre criatividade. Sobre publicidade e propaganda. Sobre técnicas de marketing. Simples assim... Não sobre as teorias acadêmicas do marketing. Ou sobre aqueles mega gênios que nos influenciaram graças as suas atitudes e criações. (Eis que a criatividade não tem limites e você muito bem sabe disso: quando “nós” (a sociedade) passamos por períodos de crises, encontramos soluções brilhantes para problemas que até então pareciam insolúveis.)
              Era uma terça-feira, quando recebi o primeiro folheto promocional no meio da rua, torrada por um sol de deserto africano. No decorrer da semana, receberia outros dois pelo correio. Parabéns pra você que criou essa tal “Oficina da Alma.” O design visual é bacana e “o questionário de sintomas” uma sacada de mestre. Num momento ou outro de nossa existência, algo se encaixa perfeitamente. Amor não correspondido? Angústia? Estresse? Vê vultos? Ouve vozes? Insônia? Desemprego? E a propaganda: “(...) aproveite os preços promocionais de final de ano, para descarrego, abertura de caminhos, e banhos especiais para amor, fortuna e saúde.” Infelizmente não me tornarei sua cliente, mas fiquei confesso, impressionada: marketing e criatividade é isso!
              Não vou divulgar seu telefone, nome ou e-mail, porque estaria apoiando diretamente seu trabalho. (Vamos combinar, sessão do descarrego é dose!) Entretanto não estou debochando, já me antecipei no primeiro parágrafo, porque não se pode desconsiderar o fato de que se existe oferta, existe procura, se existe demanda a determinados serviços, existem lacunas a serem preenchidas nesses tempos difíceis.
              Porém, há outra questão maior nessa história que é a fragilidade do ser humano. Nossas angústias, nossos medos, nossas decepções, nossas tristezas, nossos erros, nossos desejos não realizados, enfim... e a infelicidade latente, que impele a essa busca meio insana e totalmente desnecessária por respostas, socorro e auxílio “nos outros,” quando todas as respostas estão dentro de cada um de nós. E pouquíssima diferença fará se você é católico, evangélico, umbandista, muçulmano, espírita, pentecostal, judeu, maçônico, ateu ou mais outras mil denominações. Esse mundo é ilusório de qualquer maneira e saiba que quase todas as propagandas, (incluindo as de igrejas e seitas de quinta categoria) são enganosas, distribuídas fartamente todos os dias de sol escaldante, chuvas torrenciais, via e-mail, pelo correio e até em sinais de fumaça!
              Em breve “novas verdades” serão abertamente escancaradas. Buda, Cristo, Maomé, Kardec, Shiva e outros grandes mestres e criadores de universos (sim você leu direitinho: universos), nos reservam uma surpresa para o final dos tempos e só ficarão de pé, (nem os escolhidos, nem os escalados, menos ainda os ludibriados), aqueles que tiverem força, coragem, dignidade e fé suficiente para permanecerem íntegros até o fim, que não é bem o fim mas sim o recomeço! Ah... e também, antes que me esqueça, não se iludam amigos, não são as palavras e sim todas as nossas ações realizadas e gravadas “no chip do nosso cérebro,” que serão escaneadas, conferidas e pesadas naquela famosa balancinha do bem e do mal naqueles inesquecíveis dias que estão “quase” chegando...
 
Régis Mubarak