Acompanhou todas as cenas
obscenas ou não.
Naquele canto imóvel, discreto, insignificante.
Naquele canto imóvel, discreto, insignificante.
Observou todos os atos e
os fatos que se sucederam.
Discussões, emoções, traições,
crises existenciais – decadência moral –
Participou de tudo sem fazer parte de nada
cumpriu somente o seu dever:
REFLETIR.
Refletir a beleza, fiel a todos,
realçar traços, sem acrescentar contornos
nem omitir detalhes.
Uma obrigação, uma tarefa e era só...
Acompanhou as fases degenerativas do ser,
o retrocesso da evolução
sinais de maturidade,
estrias de vaidade e a velhice,
o começo do fim.
A audácia dos novos e a lentidão dos velhos.
Mas não foi ele o responsável por nada, do que
aconteceu ou do que deveria ter acontecido...
Ele não existia, não era nada,
só um espelho – reflexo de vidas vividas –
Naquele canto imóvel, discreto, insignificante.