Penso que ser professor nos dias
atuais talvez seja uma das tarefas mais difíceis de serem desempenhadas, não
somente pela questão crucial dos baixos salários e a pífia valorização que a
categoria tem recebido ao longo dos anos, mas por estarmos vivendo dias
complicados de se entender, recheados de pontos de interrogação. Se continuamos
eu e você, cultivando arduamente sementes de otimismo, perseverança, obstinação
e esperança, então não podemos fechar os olhos, tapar os ouvidos ou nos
escondermos debaixo da cama até a tormenta passar... (Em caso de dúvidas faça
suas orações irmão, mas saia de cima do muro e decida qual caminho irá tomar!)
Não vou desfilar uma cantilena de
lamúrias ou classificar as agruras uma por uma. Em qualquer horário ou canal
que você assista ao noticiário encontrará dezenas de mazelas listadas até em
ordem alfabética! Acredito que tudo na nossa vida tenha um propósito, uma
explicação, uma corrente que liga um acontecimento a outro, enfim... como já
escrevi sobre isso anteriormente deixe-me ir até o cerne da questão... (Aliás
estou dentro de um ônibus, voltando da fronteira oeste, escrevendo meu texto
entre raios e trovões. Lá fora caindo a maior chuvarada e entre um toque no
teclado e um olho na janela, peço ao Criador nas alturas que essa chuva toda
não se transforme em pesadelo.)
Pues bién... O que eu ia e vou
dizer, é que ser professor é uma atividade fantástica, cheia de desafios e de
certo modo iluminada, entretanto como encontrar as palavras certas para
explicar a turminha da sexta série por exemplo “coisas sem noção” do tipo: a
volta da criatura Renan Calheiros “por cima do charque,” tornando-se Presidente
do Senado Federal? A atitude brutal e covarde do atleta paralímpico sul africano
Oscar Pistorius no assassinato da namorada, a modelo Reeva Steenkamp? O BBB da
Rede Globo já estar em sua 13º edição e ainda se sustentar com audiência, patrocínio
institucionalizado e torcida organizada? A tragédia recente de Santa Maria
tornar-se vitrine para alguns políticos aproveitadores e gente inescrupulosa de
plantão? Como explicar de maneira que faça sentido (que sentido???) para os
pequeninhos não se sentirem amargurados, abatidos e irem perdendo a crença de
que nossa sociedade cultiva valores, (que valores???) e um certo padrão de
conduta, (Ética??? Moral??? Regras???) ou que cada qual age de acordo com sua
consciência, (que consciência???) e busca dar o melhor de si?!? Não quero ser
irônica, menos ainda fazer pilhéria de uma situação que considero um passo
avançado em direção ao Caos. Semana passada ao encerrar meu texto “Alienígenas
numa segunda feira,” falei sobre a ligação da Igreja Católica com seitas
secretas e coisas desse tipo. (Eu também não consigo acreditar que o Papa Bento
XVI “pediu para sair” e optou pelo silêncio, ao invés de contar ao mundo as
verdades trancafiadas há séculos dos séculos nos porões secretos do Vaticano!)
Uma amiga que leciona nas séries
do ensino fundamental, na escola estadual perto de onde resido, me perguntou por
que deixei de incluir os casos de pedofilia, de desvio de verbas, de corrupção,
de ligação com a máfia, de jogos de poder etc e tal. Não fiz menção porque na
realidade faltou espaço para acrescentar tanta sujeira. E se estou sofrendo para
reconhecer essa, (desculpem o termo) “imundície” que tem deteriorado não
somente “a santa igreja católica,” mas muitas outras correntes que pregam o
cristianismo e a religiosidade, imaginem o quanto deve ser difícil para um (a)
professor (a) em sala de aula hoje transmitir e discutir todas essas
informações e acontecimentos, sem passar a falsa impressão de que, para ser
mais exata, chegamos num momento cruel da nossa história em que “Coringa e sua
corja de patifes e seguidores parece estar conseguindo humilhar e derrotar o
Batman?!?”
Régis Mubarak *